Património
Projecto de hotel para metade do Palácio Pombal
Exma. Sra. Vereadora do Urbanismo
Eng. Joana Almeida
CC.PCML, AML, JF, DGPC e media
Serve o presente para solicitarmos a V. Exa. esclarecimentos sobre a proposta nº 7/2023, que irá ser votada na reunião privada de CML do dia 11 de Janeiro e que respeita ao processo urbanístico nº 761/EDI/2918: “projeto de arquitetura para obras de alteração com ampliação, a realizar no imóvel da Rua de “0 Século” nºs 97-103, tornejando para a Rua da Academia das Ciências nºs 1-3, na freguesia da Misericórdia”.
Com efeito, este projecto de hotel ainda que seja para a ala privada do Palácio Pombal (que agora engloba também a área da antiga escola de dança), ele versa sobre um imóvel que é classificado na sua totalidade como Monumento de Interesse Pública; apresenta muita demolição e ampliações no logradouro e para a “falsa” fachada, não especificando cabalmente se há a devida salvaguarda e restauro dos elementos patrimoniais em risco, nomeadamente o programa decorativo no interior do edifício: pintura mural e azulejaria.
Conforme poderá V. Exa. constatar nas fotos que anexamos, tiradas em 2018, as sondagens das paredes então realizadas revelavam a existência de pintura mural de grande qualidade. Recordamos ainda que as alterações havidas no interior desta ala do palácio datam essencialmente do séc. XIX, pelo que também existem tectos de estuque artístico que importa preservar. Acrescente-se ainda as escadas que o projecto pretende demolir e que são igualmente de interesse patrimonial relevante.
Reconhecemos o esforço da CML em garantir que esta nova versão do projecto assegure a preservação da antiga cozinha, o que não acontecia antes, mas há outros elementos patrimoniais cuja preservação não está assegurada de modo nenhum.
Solicitamos, portanto, a retirada da referida proposta da ordem de trabalhos da reunião do dia 11, por forma a garantir-se que todos os elementos patrimoniais serão devidamente salvaguardados.
Por último, estranhamos que, mais uma vez, estejamos em presença de um projecto de reabilitação para hotelaria numa cidade cujo centro histórico, e não só, está saturado de hotéis e com cada vez menor número de habitantes, continuando pois a ser preocupante a falta de uma politica camarária para o “repovoamento” do centro histórico. Lamentamos que Lisboa tarde em estabelecer uma quota para unidades hoteleiras de forma a garantir um equilíbrio entre as ambições da indústria do Turismo e as necessidades e os direitos dos habitantes da cidade.
Com os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Miguel de Sepúlveda Velloso, Inês Beleza Barreiros, Paula Cristina Peralta, Filipe de Portugal, Rui Pedro Martins, Carlos Boavida, Fátima Castanheira, Fernando Jorge, Jorge Pinto, Maria do Rosário Reiche, Irene Santos
E a colecção Manguel no Palacete Pombal?
Exmo. Sr. Presidente da CML
Eng. Carlos Moedas
C.C. AML, DGPC e media
Como será do conhecimento de V. Exa., já se passaram mais de 2 anos sobre o anúncio feito pela CML (https://www.lisboa.pt/atualidade/noticias/detalhe/lisboa-recebe-a-biblioteca-de-alberto-manguel) dando conta da assinatura de um protocolo com o escritor e bibliófilo argentino Alberto Manguel, com vista à doação a Lisboa dos cerca de 40 mil livros da sua colecção privada para um futuro Centro de Estudos da História da Leitura, a instalar no palacete dos Marqueses de Pombal, propriedade municipal e sito nas Janelas Verdes.
Nessa ocasião foi também avançado que o palacete dos Marqueses de Pombal iria entrar em obras profundas de alterações e remodelação, com uma duração estimada em 2 anos, de modo a poder albergar a citada colecção. Contudo, não se vislumbram quaisquer obras em curso no palacete, nem foi tornado público o respectivo projecto de arquitectura.
Considerando o exposto, vimos pelo presente solicitar a V. Exa., senhor Presidente, um esclarecimento sobre o que se passa concretamente com este assunto – aliás, no Verão passado, as notícias eram exactamente as mesmas (https://amensagem.pt/2022/08/26/alberto-manguel-lisboa-cidade-entrevista-livros-colecao/) que em 2020 -, ou seja:
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Mantém-se o propósito de adaptar o palacete Pombal em centro de estudos e biblioteca, com anfiteatro, entre outras valias?
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Existeprojecto de alterações para o palacete? Onde se pode consultar? Qual a sua autoria? Quais foram os pareceres dos serviços da CML e externos?
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Os 40 mil volumes da colecção já estão todos em Lisboa? Onde? A sua catalogação já foi terminada? Os livros suplementares que a CML encomendou ao escritor para reforçarem a colecção já foram adquiridos? Onde estão?