Património
Mãe d’Água das Amoreiras – Nova missiva à Direcção Museu da Água s/sua resposta de 10 de Set. (13.09.2024)
Exma. Sra. Directora do Museu da Água
Dra. Mariana Castro Henriques
CC. Ministério da Cultura, Património Cultural, IP, Comissão Nacional da UNESCO e Agência LUSA
À luz da resposta que V. Exa. teve a amabilidade de nos enviar no dia 10 de Setembro, que muito agradecemos, gostaríamos de sublinhar alguns pontos e reafirmar as nossas preocupações.
Aplaudimos a lista exaustiva de critérios que vão desde a acessibilidade à satisfação do público e retorno, passando pelo envolvimento digital, os quais terão levado a uma avaliação periódica da mais-valia, ou da falta dela, resultante da exploração de espaços que são obras-primas da arquitectura, para espectáculos regulares, mais ou menos imersivos.
Tudo critérios que, supomos, serem universais e não específicos do Reservatório da Mãe de Água. Não haverá, com toda a certeza, nenhuma direcção museológica que não queira ver o espaço que dirige a “desafiar as convenções mais tradicionais” e a ser alvo de visitas.
Contudo outros critérios deveriam, neste caso e em nossa opinião, ter sido sopesados antes da concessão do Monumento à empresa OCUBO nos moldes e programação em que o monumento, ou melhor, a Immersivus Gallery Lisboa, se tem apresentado ao visitante.
Por exemplo:
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O critério da adequação da oferta ao espaço monumental e histórico onde se insere, tratando-se de uma exploração continuada, desde 2019.
O carácter excepcional do reservatório da Mãe-de-Água, reconhecido no próprio site do museu, dificilmente se vislumbra no contexto da sua actual exploração.
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O critério da adequação de materiais, estruturas de suporte e equipamentos utilizados: parece-nos estranho que notórias estruturas de equipamentos, que lesam e invalidam em permanência a plena leitura e fruição do interior do Reservatório, e o exterior, possam, alguma vez, ser defendidas, mesmo que o espectáculo que sustentam pudesse valorizar o espaço.
Numa inversão de critérios, o monumento apresenta-se como um palco de eventos, equipado em permanência e expectante da próxima sessão.
A janela a sul tapada, a parede interior do tanque com estruturas apostas, por ex., ou, no exterior, a relva sintética, os holofotes azuis/roxos, plantas de plástico e a instalação de tendas cinzentas, ou coberturas de madeira/contraplacado.
Refira-se que as tendas não são só uma presença “algo intrusiva no espaço”, são o inquestionável abarracamento de um parterre único em Lisboa com uma extraordinária colecção de Cycas sp., estando uma delas entalada entre duas dessas tendas. A relva está também em péssimo estado, o que é um sinal de alerta.
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O critério, ainda, da eficácia da comunicação museológica: afigura-se-nos difícil ver como é que o público fruirá de um espaço, verdadeiro templo da água, quando o mesmo se transformou numa evidente sala de projecção de espectáculos de luz e som, certamente imersivos, e com temas como Dalí, Klimt, o misterioso Egipto. No mistério permanecerão as intenções dos notáveis arquitectos desta obra-prima: contemplação, perspectivas, pureza de linhas, sobriedade, silêncio. Na sua materialidade e compreensão históricas.
Não precisaremos de lembrar que não se constrói uma programação sobre o prejuízo do próprio monumento. E o número de visitantes não é garantia de uma boa exploração do espaço.
Assim, lançamos novo apelo a V. Exa. para que se ponha um termo, ou se reconvertam os moldes de exploração actual deste espaço, recolocando o monumento como o real acontecimento.
Estamos certos que será da preocupação dessa Direcção, e de todos nós, a procura de soluções que, mesmo através de parcerias, possam emprestar uma “nova dinâmica” ao reservatório da Mãe-de-Água e a sua integração na extraordinária Real Obra das Águas Livres.
Por fim, estranhamos o facto da Direcção do Museu nada dizer sobre a candidatura desse património à categoria de Património Mundial UNESCO, um objectivo para o qual contamos que a Direcção empregue o mesmo ou maior empenho e entusiasmo com que defende o espectáculo imersivo explorado nesta obra única de uma capital não menos singular.
Com os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Miguel de Sepúlveda Velloso, Bernardo Ferreira de Carvalho, Nuno Caiado, Rui Pedro Barbosa, Rui Martins, Jorge Pinto, Gustavo da Cunha, Raquel Henriques da Silva, Fernando Jorge, Fátima Castanheira
…
Resposta da Sra. Directora do Museu da Água (10.09.2024)
Exmos. Senhores
Recebi a vossa comunicação, a qual mereceu a minha maior atenção.
Nesse sentido, e face ao exposto, cumpre-me informar o seguinte:
O Reservatório da Mãe d’Água das Amoreiras, integrado no sistema hidráulico Aqueduto das Águas Livres, classificado como Monumento Nacional, é um dos cinco espaços musealizados que integra, desde há vários anos, o Museu da Água da EPAL. Nesse sentido, encontra-se aberto ao público e cumpre uma programação de âmbito cultural, patrimonial e ambiental.
Desde o final de 2019 a EPAL, através do Museu da Água, desenvolveu com o Atelier criativo OCUBO uma programação especifica referente à produção/realização de espetáculos imersivos, a funcionar no Museu da Água – Reservatório da Mãe d’Água das Amoreiras.
Esta parceria, realizada através de um acordo de cedência temporária de utilização do espaço, permitiu assumir uma nova dinâmica que proporciona ao público a experimentação de um espaço patrimonial através de diferentes composições artísticas e culturais.
Os espetáculos imersivos temáticos, relacionados com a obra e a vida de artistas, com reconhecimento internacional, constituiu, desde o primeiro dia, um enorme sucesso, permitindo ao Museu da Água – Mãe d’Água das Amoreiras, por um lado, receber um elevadíssimo número de visitantes, maioritariamente pessoas que nunca tinham entrado naquele espaço, e, por outro lado, alcançar novos públicos, com especial destaque para os mais jovens que, conforme é do conhecimento geral, são aqueles/as que menos visitam museus e monumentos.
A permanência dos espetáculos de vídeo mapping imersivo permitiram a manutenção dos horários de visita ao Monumento Nacional, garantindo a abertura do espaço ao público, tanto para visita livre, como para visita guiada, proporcionando a todos/as os/as visitantes a possibilidade de fruir a infraestrutura hidráulica, enquanto edifício histórico.
A partir de outubro de 2022, o espetáculo imersivo passou a contar com uma componente expositiva que, não só enriquece a programação, como permite ao público adquirir conhecimento adicional sobre o tema.
Para esse efeito, foram instaladas as tendas de exterior que, apesar de uma presença algo intrusiva no espaço, se revestem de vários atributos que permitem dar continuidade ao projeto artístico: são funcionais e amovíveis, não permanentes, não comprometem a conservação e a estabilidade do património edificado, são acessíveis e permitem acomodar a exposição que enriquece o espetáculo imersivo e ainda possibilita ao público uma experiência mais completa, dotada de mais informação.
A instalação das tendas é temporária existindo, desde o inicio do projeto, uma data prevista para a desmontagem das mesmas. Essa data, naturalmente, coincidirá com o final da programação que lhes está afeta.
No que respeita à programação museológica e cultural do Museu da Água, dirigida especificamente a cada um dos espaços patrimoniais, refere-se que a mesma é da inteira responsabilidade da Direção do Museu da Água e Património Histórico da EPAL, que gere o espaço em questão, com total autonomia.
A referida programação é revista anualmente e não há atividades “sem fim à vista…”. As atividades propostas são analisadas através da realização de estudos de viabilidade que refletem os fatores de sucesso e insucesso, o impacto imediato, a curto, a médio e a longo prazo, e a hipótese, ou não, de continuidade.
Para esse efeito são determinados, e avaliados, critérios, nomeadamente no que respeita a: participação, frequência, inclusão e acessibilidade; impacto cultural e social; qualidade artística, inovação e apreciação critica; satisfação do público e retorno; sustentabilidade financeira e viabilidade; contribuição para o património cultural no que respeita à preservação, valorização ou divulgação do património; legados; engajamento digital; ações educativas; inovação e experimentação; resiliência e capacidade de adaptação.
A combinação destes critérios oferece uma visão abrangente do sucesso das iniciativas culturais, permitindo que se compreenda não apenas o seu impacto imediato, mas também a sua contribuição para a sociedade. A continuidade da atividade é sempre analisada face à capacidade de evolução e da relevância em contextos futuros.
O Museu da Água considera que a programação patente na Mãe d’Água das Amoreiras, bem como em todos os espaços museológicos que dirige, cumpre os pressupostos necessários à atividade cultural e repudia liminarmente qualquer comentário que refira a não dignificação do Monumento Nacional.
Um espetáculo imersivo é inequivocamente uma forma de expressão artística que valoriza uma série de aspetos, nomeadamente: o envolvimento sensorial e emocional; a existência de uma interação ativa; a exploração de temas mais complexos através da imagem e dos estímulos, que oferecem uma forma diferente de conhecer e explorar temas artísticos; a inovação artística, através da combinação de diferentes formas de arte, que desafia as convenções tradicionais; a acessibilidade e a inclusão que facilitam o acesso a todos e a todas; o desenvolvimento comunitário que promove a colaboração e a coesão social; a valorização do património cultural, tornando-o mais atrativo, em particular para as camadas mais jovens; o impacto cultural e social que contribui para a reflexão cultural e social; a educação e a aprendizagem; a promoção do turismo cultural e a contribuição para a economia local.
Relativamente ao espaço exterior, informo que as tendas colocadas no jardim do recinto da Mãe d’Água foram dispostas de forma a preservar as espécies botânicas existentes naquele espaço. As referidas espécies são periodicamente analisadas no sentido de as manter em bom estado de conservação.
O equipamento técnico, nomeadamente material audiovisual, presente no interior do reservatório, reflete a instalação necessária à produção/apresentação do espetáculo imersivo, tendo sido acomodado de forma a não provocar qualquer impacto ou dano na estrutura.
Nos últimos dez anos a EPAL tem vindo a desenvolver inúmeros projetos de conservação e restauro nas infraestruturas patrimoniais que estão sob a sua gestão, nomeadamente no sistema Aqueduto das Águas Livres, que inclui o Reservatório da Mãe d’Água das Amoreiras.
Existe atualmente uma profunda consciência das problemáticas associadas à conservação do espaço. A mesma está assente num plano de inspeções periódicas que permite compreender a existência e/ou a evolução das patologias e o risco associado a cada uma delas.
As ações de conservação e restauro neste local estão integradas no plano de salvaguarda do Aqueduto das Águas Livres, sistema com uma extensão, aérea e subterrânea, superior a 58 quilómetros, com mais de 400 estruturas associadas. As intervenções realizadas são calendarizadas e vão sendo desenvolvidas no sentido de priorizar as situações mais urgentes.
As patologias detetadas no Reservatório da Mãe d’Água das Amoreiras em nada se relacionam com a programação patente. Estão associadas a fatores como variação térmica, infestação biológica, problemas estruturais, poluição, erosão e intempéries, humidade extrema, exposição dos elementos a condições climáticas adversas, entre outros.
A EPAL, através da Direção do Museu da Água e Património Histórico, continuará o trabalho que tem realizado ao longo de muitos anos no sentido de preservar o sistema Aqueduto das Águas Livres, e todo o património histórico da água que lhe está associado, cumprindo estritamente a legislação afeta aos espaços classificados. Continuará, igualmente, a gerir estes espaços, atualmente museológicos, com o maior rigor, seriedade, diversidade e de forma absolutamente inclusiva, no sentido de permitir ao maior número de visitantes a fruição absoluta do património da água, o conhecimento da história da água em Lisboa e o papel da água na educação para a sustentabilidade.
Com os meus melhores cumprimentos,
Mariana Castro Henriques
Diretora
Direção do Museu da Água e do Património Histórico
EPAL – Empresa Portuguesa das Águas Livres, S.A.
Classificação de Bens Imóveis – Envio de sugestões a Ministério da Cultura e Património Cultural, IP (04.09.2024)
Ex.ma. Senhora Ministra da Cultura
Dra. Dalila Rodrigues,
Ex.mo. Senhor Presidente do Património Cultural, IP
Dr. João Soalheiro
cc. media
Como é do conhecimento de V. Exas. a classificação de Interesse Público não tem sido o garante da salvaguarda dos bens classificados que seria esperado e desejado pelo legislador, em grande parte, mas não só, porque do lado dos proprietários não existe sensibilização nem motivação para que isso aconteça, havendo mesmo casos em que a classificação é entendida apenas como um obstáculo à livre iniciativa, um espartilho à propriedade privada, pelo que pretendemos com esta iniciativa contribuir para melhor se atingir esse desiderato.
De facto, e infelizmente, vários têm sido os exemplos em que os proprietários derrubam paredes, tectos e estuque, arrancam coberturas e soalhos, destroem elementos decorativos, alteram volumetrias, esventram o subsolo, substituem materiais, obstruem o bem classificado, abandonando-o inclusivamente à incúria, etc., grande parte das vezes também por falta de conhecimento das próprias equipes técnicas e muitas vezes com a melhor boa vontade.
Obras ilegais, algumas vezes, sem que sejam sequer comunicadas à tutela, que desvalorizam e desvirtuam o bem classificado, pondo em causa essa mesma classificação em alguns dos casos verificados, e, mais grave, estão a destruir o nosso património cultural e a destruir a nossa identidade. Uma prática que não é de agora mas que se tem agravado nos últimos anos.
Existe um divórcio, por vezes litigioso, entre o proprietário do bem classificado e a tutela, para lá do desconhecimento do que essa classificação comporta – veja-se a este propósito dois casos de que demos conta a V. Exas. recentemente: a substituição de uma porta em ferro por uma em PVC no quarteirão Em Vias de Classificação da Av. Duque d’Ávila, e o roubo e destruição de um gradeamento em ferro, Arte Nova, no Palacete Valmor, classificado de Interesse Público.
Pensamos que para tal em muito contribui a escassa relevância que uma eventual isenção de IMI tem para o proprietário, enquanto incentivo financeiro, mas, mais importante, a inexistência de incentivos de outra ordem, bem como outros factores, desde logo a falta de sensibilização para a causa, a falta de informação sobre o estatuto de “interesse público”, mas também o não reconhecimento pela comunidade e pelo próprio proprietário sobre o que é ser um bem classificado.
Acima de tudo deve ser um grande orgulho ter-se um imóvel classificado, deve ser encarado como um selo de qualidade, que inclusivamente valorize em mercado o imóvel como acontece por exemplo com a classificação dos veículos clássicos.
Este exemplo de veículo clássico tem, aliás, vários bons exemplos que podem ser transpostos para os imóveis:
-A vantagem inicial para os proprietários que é a inspecção ter uma periodicidade muito mais longa e poder ter a equivalência da isenção de IMI.
-Mas como se mantém a inspecção, pode perder a classificação, pelo que poderia ser importante nos imóveis a classificação poder ser reavaliada periodicamente, mas o retirar da classificação tem de ser mau para o proprietário.
-Nos veículos a classificação corresponde a um significativo aumento do valor comercial.
-No caso de um acidente as seguradoras não podem dar o veículo como perda total, isto é provavelmente a maior vantagem nos veículos classificados, provavelmente nos imóveis deveria acontecer algo semelhante.
-Também os seguros dum veículo classificado são significativamente mais baratos.
-Existem grandes comunidades de interajuda de proprietários.
Assim, sugerimos a V. Exas. que desenvolvam esforços no sentido de serem criados nesta legislatura alguns mecanismos, alguns com custos muito baixos, que ajudem a uma mudança efectiva de paradigma, poderão passar pela,
-Criação de uma estrutura nos serviços do Património Cultural, IP, em figurino de “gabinete de apoio”, em que, permanentemente, se garanta a ligação tutela-proprietários dos bens classificados, onde estes possam obter a informação e o apoio técnico necessários em matéria de boas-práticas, aconselhamento técnico e jurídico, etc. De modo a que seja visto como um verdadeiro apoio e nunca como o “polícia mau” que vai atrasar, dificultar, tornar mais caros os trabalhos, porque pode ser o contrário, e ser a justificação para a não aplicação de alguns regulamentos; limites de dimensões; eficiência energética.
-Criação pelo Património Cultural, IP, de um canal de comunicação de urgência para os proprietários para situações de emergência: acidentes no imóvel, incêndios, abatimento de terras ou cobertura, necessidade de travar obras na zona de prospecção, etc.
-Organização pelo MC/PC-IP de 1-2 reuniões/colóquios por ano, em que se reúnam e se auscultam os proprietários dos bens classificados, se divulgam as boas e más-práticas, auscultam especialistas das várias áreas relacionadas com a salvaguarda do bem, mas também sobre a sua boa manutenção e a sua utilização apropriada.
-Sensibilização para a necessidade de divulgação do bem classificado junto do público, como forma de se alcançar um maior reconhecimento público do bem em causa, com recurso à edição de publicações e a parcerias com outras entidades que lhe permitam outra escala.
-Criação de um diploma de imóvel classificado, com placa a ser, ou não, colocada no Imóvel.
-Atribuição de incentivos não financeiros aos proprietários, por exemplo prémios/menção honrosa anuais à “melhor manutenção”, à “melhor intervenção de restauro”, à “melhor utilização de um edifício classificado”, à “melhor divulgação”, etc.
-Perda de isenção de IMI e outras penalizações para os proprietários de imóveis classificados em claro estado de abandono/incúria.
-Notificação dos proprietários dos trabalhos que vão ser feitos na zona de protecção do imóvel, pois aqueles podem ser “fiscais” de boa vontade.
-Isenção de AIMI no caso em que os proprietários são empresas, casos que não são raros.
São apenas ideias, mas que cremos poderem servir de guião inicial à urgente mudança de paradigma, para que do lado do proprietário se encare a tutela e, sobretudo, a chancela de “interesse próprio” e não só de “interesse público” não como um galardão que apenas é um empecilho, onera e castra quem possui o bem classificado, mas que, em vez disso, o incentiva, premeia e apoia.
Conjuntamente, a tutela deveria estar em permanente sintonia com as boas-práticas que sobre este tema são praticadas noutros países.
Na expectativa, apresentamos os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Miguel de Sepúlveda Velloso, António Araújo, Rui Martins, Pedro Jordão, Nuno Caiado, Helena Espvall, Gustavo da Cunha, Filipe Teixeira, António Miranda, Manuela Correia
O Palácio Pombal continua sem rumo e a degradar-se – proposta à CML (03.09.2024)
Ex.mo Sr. Presidente da CML
Eng. Carlos Moedas
CC. AML, JF Misericórdia e media
No seguimento de uma publicação da Revista Time Out do mês passado, onde se refere a possibilidade de instalação da companhia de teatro dos Artistas Unidos no Palácio Pombal (https://www.timeout.pt/lisboa/pt/noticias/pode-o-palacio-pombal-ser-uma-casa-para-os-artistas-unidos-junta-de-freguesia-acha-que-sim-080924?fbclid=IwY2xjawFCmUtleHRuA2FlbQIxMQABHRcZevPpIBc7lhk4SvGekqfSSUIf_r5XtnnHzKl4iwYQsNVzLTw9jQ0wVA_aem_bbh-Vpq_zg7uAWta39n0VQ), hipótese que não criticamos, e independentemente de continuarmos a defender que a ala do Palácio Pombal que é propriedade da CML deveria ser sempre um museu dedicado ao Marquês e à sua obra em Lisboa;
Apelamos a V. Exa. para que a CML exerça o direito de preferência sobre a ala do palácio onde funcionou a Escola Superior de Dança, do Instituto Politécnico de Lisboa, cujo valor de venda está em 10 M€, recorrendo para tal às receitas provenientes da cobrança das taxas turísticas e às receitas do Casino de Lisboa, receitas essas que também poderão servir para a recuperação do palácio, o qual, como é do conhecimento de V. Exa., se mantém num estado de indignidade e a degradar-se desde há mais de 25 anos, período durante o qual também se discutiu ad nauseam a solução de ocupação, sem que se tenha tomado até hoje qualquer decisão!
Deste modo, Lisboa e os lisboetas recuperarão para si a maior parte do Palácio Pombal, os Artistas Unidos poderão perfeitamente utilizar a ala onde funcionou a escola de dança, e o imenso legado de Pombal a Lisboa poderá ser musealizado e dado a conhecer num local por demais apropriado.
Na expectativa, apresentamos os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Miguel de Sepúlveda Velloso, Fernando Jorge, Ana Celeste Glória, José Maria Amador, Rui Martins, Gustavo da Cunha, Ana Alves de Sousa, Helena Espvall, Filipe de Portugal, António Araújo, António Pires Veloso, Beatriz Empis, Jorge Pinto, Pedro Jordão, Manuela Correia
Foto: Trienal de Arquitectura
Pedido de classificação da Casa dos Penedos, em Sintra (26.08.2024)
Ex.mo. Senhor Presidente do Património Cultural, IP
Dr. João Soalheiro
CC. Ministra da Cultura
Como é do conhecimento de V. Exa., a Casa dos Penedos, em Sintra, é uma das obras mais notáveis do legado de Raul Lino, por tudo mas sobretudo pelo desafio que foi construir naquele terreno íngreme e acidentado uma habitação como este palacete estival, mais as cocheiras e as construções para os empregados.
Tratando-se assim de uma obra complexa, a essa complexidade se juntaria um outro desafio, alcançado também na perfeição: garantir que a casa estaria em perfeita sintonia com a envolvente, usufruindo da paisagem, da vila histórica e da serra de Sintra, pelo que também por isso estamos em presença de um exemplo maior da nossa arquitectura paisagista, a que se juntam, naturalmente, a estética, a decoração e os materiais tão do agrado do Arquitecto.
Nos últimos anos, felizmente, a DGPC teve a preocupação de classificar de Interesse Público alguns outros exemplares da autoria de Raul Lino, também eles notáveis, como são as três moradias do Monte Estoril e a famosíssima Casa Branca, nas Azenhas do Mar.
Contudo, existe, a nosso ver, uma pecha chamada Casa dos Penedos, que importa incluir na lista de bens protegidos que foram desenhados ao pormenor por Raul Lino, como sempre foi seu timbre.
Nesse sentido, vimos requerer a V. Exa. a abertura do procedimento de classificação da Casa dos Penedos, juntando para o efeito o respectivo formulário e uma série de plantas e alçados e fotografias, fazendo votos para que a mesma seja passível de aprovação o mais rápido possível.
Na expectativa, apresentamos os nossos melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Nuno Caiado, Maria Ramalho, Rui Pedro Barbosa, Luis Mascarenhas Gaivão, Eurico de Barros, Maria Teresa Goulão, Rui Martins, Raquel Henriques da Silva, Helena Espvall, Jorge Pinto, Ruth da Gama, Fernando Jorge, Fátima Castanheira, Paula Cristina Peralta, José Maria Amador, Pedro Formozinho Sanchez
Foto: Bernardo Rodrigues (2023)
Mãe d’Água das Amoreiras – protesto à EPAL pela ocupação indigna do exterior e interior (21.08.2024)
Exma. Sra. Directora do Museu da Água
Dra. Mariana Castro Henriques
C.C. Ministra da Cultura, Património Cultural-IP, UNESCO e Lusa
Como é do conhecimento de V. Exa., a empresa OCUBO ocupa desde 2019 o exterior e o interior do reservatório da Mãe d’Água das Amoreiras, equipamento central do complexo monumental do Aqueduto das Águas-Livres, conjunto Monumento Nacional e que consta, recordamos, da lista indicativa da UNESCO desde 2017.
Questionamo-nos como é possível uma ocupação daquele Monumento como a que é feita pela empresa citada?
Mais espantados ficamos quando nos referem que a ocupação é para continuar, sem fim à vista…
Como é possível que um programa ocupacional como o presente tenha sido aprovado para este local pela EPAL/Museu da Água e pela então DGPC, quando o dito programa não dignifica o complexo da Mãe d’Água e, pior, quando os danos são evidentes no interior e no exterior.
Como as fotografias desta semana descrevem, se o exterior da Mãe d’Água é um amontoado de barracas, o jardin parterre ali existente foi dizimado, as maltratadas Cycas estão sob ameaça e o muro e gradeamento estão como estão, já o interior da Mãe d’Água é um caos de parafernália técnica, com projectores e acessórios vários em todos os recantos do recinto, impossibilitando a leitura do monumento barroco, a iluminação natural, o usufruto das conversadeiras, enfim, numa existência de indignidade que aquele Monumento não merece, nem Carlos Mardel ou Reynaldo dos Santos.
Acresce que o monumento carece de obras de manutenção, pois as coberturas e as caixilharias dos vãos denunciam uma gritante falta de manutenção: cantarias com fissuras (algumas delas pondo em risco a segurança dos visitantes assim como dos peões que circulam nos arruamentos em volta do monumento), colonização biológica extensiva na cobertura em terraço, incluindo canaletos e gárgulas bloqueados, guardas de ferro com oxidações avançadas, caixilharias de madeira em vãos em mau estado, etc.
Em que fica a “sacralidade do espaço” que a própria EPAL, e bem, reclama para o “seu” Monumento?
Apelamos a V. Exa. para que a EPAL extinga liminarmente a concessão do Reservatório da Mãe d’Água das Amoreiras à empresa OCUBO, e que esta seja obrigada a custear a recuperação dos espaços exteriores do mesmo.
Quanto aos interiores, apelamos a que a EPAL recorra aos serviços do Património Cultural, IP, para que sejam avaliados os eventuais danos no interior do edifício, e obrigue a empresa a custear o seu restauro, se for caso disso.
E seja ponderada a retirada do palco do centro do tanque, situação que perdura há décadas, impossibilitando a vista de todo o reservatório.
Na expectativa, apresentamos os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Nuno Caiado, Rui Pedro Barbosa, Gustavo da Cunha, Rui Martins, Jorge Pinto, Pedro Formozinho Sanchez
Palacete Valmor (IIP) com gradeamento Arte Nova partido – alerta e protesto à CML (08.08.2024)
Ex.mo Sr. Presidente da CML
Eng. Carlos Moedas
Ex.ma Sra. Vereadora do Urbanismo
Engª Joana Almeida
C.C. AML, Património Cultural – IP e Agência Lusa
Como é do conhecimento de V. Exas., o palacete Valmor da Avenida da República, é Imóvel de Interesse Público desde 1976 e, por isso, está especialmente protegido também a nível do Plano Director Municipal em vigor.
Assim, assume particular preocupação e revolta a inoperância da Câmara Municipal de Lisboa em intimar o proprietário do edifício a repor as secções do gradeamento em falta neste momento, de que anexamos fotografias tiradas nesta semana – parte do gradeamento em ferro encontra-se tombada no interior do canteiro, e outra parte desapareceu.
Não se pode aceitar este estado de abandono pelo proprietário e a indiferença de quem administra a cidade de Lisboa.
Na expectativa apresentamos os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Rui Pedro Martins, Bernardo Ferreira de Carvalho, Nuno Caiado, Rui Pedro Barbosa, Luis Mascarenhas Gaivão, Irene Santos , Ana Celeste Glória, José Maria Amador, Beatriz Empis, Carlos Boavida, Helena Espvall, Filipe de Portugal, António Araújo, Pedro Jordão, Fernando Jorge, Miguel de Sepúlveda Velloso, Teresa Silva Carvalho
Fotos de Rui Martins
Telão colocado na fachada da Igreja de São Vicente de Fora (MN) – alerta e pedido de intervenção ao Património Cultural, IP (05.08.2024)
Exmo. Sr. Presidente do Património Cultural, IP
Dr. João Soalheiro
Serve o presente para alertar V. Exa. para a colocação, a nosso ver abusiva, de um telão na fachada da Igreja de São Vicente de Fora, Monumento Nacional, e para solicitar que interceda junto do Patriarcado para que o mesmo seja retirado, a fim que o monumento recupere a sua dignidade.
Acresce que este telão já feria a dignidade do conjunto monumental no local onde se encontrava anteriormente, isto é, junto ao portão de acesso ao mosteiro, mas onde se encontra agora é por demais atentatório ao Monumento Nacional.
Com os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Miguel de Sepúlveda Velloso, Nuno Caiado, Teresa Silva Carvalho, Carlos Boavida, Gustavo da Cunha, Jorge Pinto, Rui Martins, Beatriz Empis, Filipe de Portugal, António Araújo, Manuela Correia
Fotos de António Araújo
Alerta porta substituída em edifício Em Vias de Classificação /pedido de intervenção ao Património Cultural, IP (05.08.2024)
Exmo. Sr. Presidente do Património Cultural, IP
Dr. João Soalheiro
Serve o presente para alertar V. Exa. para a lamentável substituição da porta principal do edifício do nº 18 da Avenida Duque d’Ávila, edifício que integra o lote de edifícios do conjunto Em Vias de Classificação do nº 18 ao nº 32F (https://diariodarepublica.pt/dr/detalhe/anuncio/213-2021-171441573), conforme foto 1 em anexo.
Solicitamos, por isso, ao Património Cultural, IP, para interceder junto do respectivo proprietário no sentido de repor a porta em ferro original (1930) e repor a legalidade.
Com os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Nuno Caiado, Gustavo da Cunha, Jorge Pinto, Helena Espvall, Maria da Conceição Delgado, Carlos Boavida, Rui Martins, Beatriz Empis, Filipe de Portugal, Miguel de Sepúlveda Velloso, António Araújo, Teresa Silva Carvalho, Irene Santos
Foto 2 (Pedro S Bello)
…
Resposta do Sr. Presidente do Património Cultural, IP (05.08.2024)
«Ex.mos Senhores
Forum Cidadania Lx
Acabo de solicitar a intervenção dos serviços do Património Cultural, I.P., para verificação da ocorrência, ao nível do Departamento dos Bens Culturais.
Com os meus melhores cumprimentos,
João Soalheiro,
Presidente do Conselho Diretivo»