Património
Protesto e pedido de retirada de publicidade alusiva às “Festas da Cidade” junto de MN (15.10.2024)
Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Lisboa
Eng. Carlos Moedas
C.C. AML, Património Cultural-IP, e media
Foi a 2 de Novembro de 2022 que alertámos pela primeira vez V. Exa. para esta situação abusiva.
Contudo, 1 ano depois das festas de Lisboa de 2022 os dispositivos publicitários a marcas de cerveja continuavam no espaço público, num aproveitamento descarado do ambiente urbano histórico de Alfama, Castelo, etc..
Face à inércia enviámos novo protesto em 2023.
Hoje, passados 2 anos desde o primeiro protesto, constatamos que a situação se agravou nos bairros históricos: arruamentos que até 2023 não tinham sofrido deste problema passaram a ser explorados para este efeito, como é o caso das ruas envolventes ao Castelo de S. Jorge – com painéis publicitários de uma marca de cerveja instalados numa antiga porta do Castelo de S. Jorge (Rua do Chão da Feira), conforme vai ilustrado em anexo.
Igrejas e outros imóveis classificados já não estão imunes ao apetite das marcas de cerveja em Portugal, nem ao relaxamento e desinteresse pela sua protecção que cresce de ano para ano.
Perguntamos se a CML continua a receber receitas desta publicidade? As receitas são contabilizadas ao mês?
É aceitável a CML autorizar – durante anos – painéis publicitários na ZEP de monumentos nacionais – e ainda por cima afixados nas consolas de iluminação pública da cidade?
Se a EGEAC remove a sua publicidade institucional (faixas, telas) das Festas de Lisboa logo que terminaram (foto de 2 Julho na Praça Marquês de Pombal) porque razão é tolerada a presença de centenas de dispositivos – de publicidade a bebidas alcoólicas – pendurados nos candeeiros de iluminação pública dos bairros mais históricos da capital?
A quem compete a remoção desta publicidade? Quais são os prazos para repor a normalidade?
Com certeza não é a nós, cidadãos, munícipes que caberá tal tarefa, mas é precisamente isso que já está a acontecer em vários locais da Colina do Castelo e Alfama onde são os munícipes a “arregaçar as mangas” e a removem eles próprios os painéis publicitários pendurados nos candeeiros dos seus bairros!
Com os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Fernando Jorge, Nuno Caiado, Bernardo Ferreira de Carvalho, Miguel de Sepúlveda Velloso, Eurico de Barros, Rui Pedro Barbosa, Fátima Castanheira, Rui Pedro Martins, António Pires Veloso, Filipe de Portugal, Irene Santos, Paulo Lopes, Beatriz Empis, Jorge Pinto, Gustavo da Cunha, Helena Espvall, Teresa Silva Carvalho, António Araújo
Novo alerta-protesto à Carris pelo estado da estação superior do Ascensor do Lavra (MN) (15.10.2024)
À Direcção da CARRIS
Exmos. Senhores
C.C. PCML, AML
No seguimento do nosso e-mail de 19 de Dezembro do ano passado (https://cidadanialx.org/portfolio/mau-estado-de-conservacao-da-estacao-superior-do-ascensor-do-lavra-mn/), em que congratulámos V. Exas. pelo sucesso no combate aos graffiti no material circulante nos ascensores históricos de Lisboa, aproveitando a ocasião para alertarmos a CARRIS para o mau estado de conservação da estação superior do Ascensor do Lavra (MN), constatamos que a situação então descrita (ver reprodução abaixo) está hoje bastante pior, temendo-se o pior em termos das coberturas e drenagem das águas da chuva.
Acresce que a Junta de Freguesia de Santo António, entretanto, neste final de Verão decidiu enfeitar a fachada da estação com 6 contentores de lixo! (foto de há dias)
Apelamos a que a CARRIS interceda junto da Junta de Freguesia para que esta termine com este abuso.
Com os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Nuno Caiado, Miguel de Sepúlveda Velloso, Fernando Jorge, Ana Alves de Sousa, António Araújo, Helena Espvall, Ruth da Gama, Beatriz Empis, Rui Pedro Martins, Fátima Castanheira, Filipe de Portugal, Jorge Pinto, Gustavo da Cunha, Teresa Silva Carvalho
Obras a decorrer no Palácio da Independência – lamento e pedido de esclarecimentos à Sociedade Histórica Independência de Portugal (08.10.2024)
Exmo. Sr. Dr. José Ribeiro e Castro
Presidente da Direcção da Sociedade Histórica da Independência de Portugal
C.C. Património Cultural, IP
No seguimento da comunicação que V. Exa. teve a amabilidade de nos enviar em Março de 2023, designadamente quando referiu que o projecto em apreço respeitaria escrupulosamente as características do Palácio e dos seus materiais, confessamos a nossa decepção por vermos que estão a ser colocadas telhas de fabrico industrial (foto 1). Algumas vozes mais críticas consideram que as novas telhas mais parecem de “plástico”), substituindo as lindíssimas telhas (fotos 2 e 3) que cobriam a totalidade do Palácio, e que, ao contrário das novas, tinham uma bela patine, variação subtil de tons que davam mais carácter ao edifício.
Havendo a necessidade de substituir as telhas, não compreendemos como as telhas não foram alvo de uma escolha mais cuidada, garantindo as qualidades do fabrico artesanal, que seriam bem mais apropriadas a um palácio Monumento Nacional, como é o caso, e não estas novas que apesar de serem, com certeza, de qualidade, falham o critério da adequação e harmonização estética por serem de fabricação estritamente industrial.
Ficamos agora apreensivos quanto aos critérios adoptados para as caixilharias de madeira maciça dos vãos, desenhadas por Raul Lino: também elas serão substituídas?
Fazemos votos para que não sejam substituídas por caixilharias em alumínio ou PVC com vidro duplo.
E que as belas adufas na fachada a tardoz sejam sabiamente restauradas (foto 4).
E muito gostaríamos que, aproveitando as obras em curso, fosse retirada a pála de vidro que existe num dos cantos do pátio, assim como reaberta a galeria do piso térreo da Rua das Portas de Santo Antão, com a eliminação de todos os espaços comerciais ali existentes, que em nada contribuem para a dignidade do Palácio e da própria cidade.
Com os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Maria Ramalho, Miguel de Sepúlveda Velloso, Nuno Caiado, Fernando Jorge, Fátima Castanheira, Carlos Boavida, Jorge Pinto, Beatriz Empis, Gustavo da Cunha, Ana Celeste Glória, Teresa Silva Carvalho
…
Resposta do Presidente da Sociedade Histórica da Independência de Portugal (10.10.2024)
«Exmos. Senhores,
A vossa carta mereceu a nossa melhor atenção. Assim, sem prejuízo dos breves comentários que ainda farei neste correio, abrimos as portas a uma vossa visita, guiada pelo Vice-presidente da Direcção, Dr. Gustavo Mesquita Guimarães, que tem dirigido a obra, por nossa parte, e assegurado o seu acompanhamento, com muita experiência e de forma magnífica. Ele tem todo o gosto em vos receber, responder às vossas questões (é sempre mais fácil falar do que estar com carta para cá e para lá), explicar os problemas surgidos e as soluções encontradas, bem como expor o andamento dos trabalhos e o seu fim previsível.
Peço que estabeleçam diálogo directo, a fim de marcar a vossa visita para a melhor altura para todos. Terá certamente de haver um limite no grupo de vossos representantes, pois o espaço é exíguo e as obras estão a decorrer. Conversarão sobre isso também. Para essa marcação, o endereço e-mail do nosso VP está em CC.
A Sociedade Histórica quer servir da melhor forma, em tudo o que for possível e da nossa responsabilidade e decisão, os interesses do património histórico e do património cultural reflectidos e expressos no Palácio. Estamos, ainda, bem conscientes de “morarmos” num Monumento Nacional, que queremos ver respeitado e bem conhecido e valorizar. Por isso mesmo, os projectistas trabalharam sobre a pressão exigente destes critérios e sempre reclamámos trabalhar em articulação com a DGPC, além da CML, que é o financiador. Essa articulação existiu em todas as fases deste processo, desde 2016 (e mantém-se), nomeadamente nos momentos em que houve (ou houver) que tomar decisões mais sensíveis ou críticas.
Quanto às telhas, que não são obviamente de plástico, nem a tal minimamente se assemelham, é claro que, se as telhas antigas estivessem em condições, teriam ficado. Acontece que não estavam. Numa fase inicial das obras, fomos confrontados com a constatação de os telhados necessitarem, em geral, de telhas novas, por as antigas estarem, na generalidade, muito deterioradas e não assegurarem minimamente a função. Na verdade, nos invernos dos últimos anos, foi frequente chover (e, nalguns pontos, abundantemente) em diferentes secções do Palácio. Houve mesmo um corredor em que os bombeiros tiveram de interditar a circulação. Assim, partiu-se para um telhado novo, sendo a decisão de escolha das telhas participada nos termos acima descritos. Cremos que se escolheu a melhor solução.
Que aspecto tem, então, o telhado? Tem o aspecto de um telhado novo. Imagino que isto possa ter acontecido outras vezes, na longa vida deste Palácio, e possa voltar a acontecer daqui a, por exemplo, 100 anos. Acontece. Quando os telhados estão velhos e em ruína, a solução é telhados novos – é claro, escolhidos com critério. E houve esse critério. Ainda se pôs, por exemplo, a hipótese de escurecer as telhas novas, pintando a patine, o que foi unanimemente rejeitado. Os que mais responsabilidades técnicas e profissionais têm nesta abordagem, rejeitam quaisquer arranjos artificiais e falsos, sendo firmes na ideia de que… a patine vem com o tempo. O que, bem vistas as coisas, é a verdade: a patine vem com o tempo.
Quanto à introdução de PVC e alumínios, é evidente que não haverá. É até uma ideia quase ofensiva. Quanto à pála de vidro, será eliminada. E o projecto não prevê a alteração das secções que dão para a Rua das Portas de Santo Antão.
Por fim, uma contingência geral: esta obra tem um custo e esse custo não pode ser excedido. O imóvel é do Estado, como saberão. E o Estado quase nada contribui. Seria certamente outra coisa, se abrisse os cordões à bolsa ou, ao menos, provesse aos custos correntes de manutenção e conservação. A degradação do edifício ao longo dos últimos anos teve muito certamente a ver com isso – sabemos como os processos de deterioração são mais céleres em imóveis antigos. O Estado, além disso, nunca se dispôs a suportar esta reabilitação, tendo de ser a Câmara a chegar-se à frente. Porém, a CML, que não é dona do Palácio, teve muitas limitações naquilo que podia estar disponível a custear. Por isso, as circunstâncias impuseram um projecto algo minimalista, que deixou de lado algumas áreas e secções do Palácio. A obra tinha como alavanca a criação de um museu/centro de interpretação e propunha-se ainda reabilitar coberturas e outras áreas mais degradadas. Tem-se conseguido ampliar a obra a áreas muito carenciadas, sem afectar o equilíbrio orçamental global. Temos muito respeito pela generosidade da Câmara e pelos dinheiros que colocou nas nossas mãos.
Já agora: sabem quanto o Estado nos atribui anualmente como dotação orçamental? 5.000 euros por ano. Isso mesmo: meio salário mínimo de mesada. É assim desde 2015 e próximo disso desde 2010. Cheguei a escrever um artigo a este respeito, que podem ler aqui 5.000 euros/ano ou descarregando o anexo. Mas o Estado também não lê jornais ou não entende: neste ano, já renovou a mesada, atribuindo-nos os 5.000 euros da praxe. Ainda estamos a lutar para que esta política (ou ausência dela) seja corrigida, até por elementar respeito pelo património histórico e por um emblemático Monumento Nacional, e queremos acreditar que esta obra marque, enfim, uma viragem nesta política de descaso e desinteresse.
Com esta resposta já pronta, ontem, fui alertado, durante a noite, para o facto de que tornaram pública a carta que nos escreveram e a que respondo: aqui. Considero o gesto uma quebra de cortesia, disparando, primeiro, e perguntando, depois. Em qualquer caso, não alteramos o que disse de início e mantemos a abertura à visita guiada. Apreciamos a cidadania, de que também fazemos exercício na Sociedade Histórica, e compreendemos e respeitamos a liberdade de expressão.
Todavia, a publicidade dada às vossas preocupações sem aguardar sequer algum esclarecimento da nossa parte é objectivamente ofensiva, nem só para nós, mas também para as DGPC e CML e, principalmente, para os projectistas, que são arquitectos reputados. Todo o projecto, desde o princípio, foi preparado e desenvolvido por arquitectos com reputação bem estabelecida; e toda a obra assenta em documentos conformes ao projecto e aprovados por Sociedade Histórica, CML e DGPC. Toda a execução é acompanhada também, em permanência, tim-tim-por-tim-tim, pelos arquitectos projectistas, incluindo, como é evidente, quanto a todos os materiais, passando-se o mesmo quanto a qualquer alteração a adoptar. Isto não é uma balbúrdia de “deixa lá ver”, mas um processo de obra inteiramente responsável, isto é, com responsabilidades devidamente distribuídas e partilhadas.
Estamos à disposição para a vossa visita e abertos ao esclarecimento.
Cordialmente,
José Ribeiro e Castro
Presidente da Direcção
Sociedade Histórica da Independência de Portugal»
…
Resposta do Património Cultural, IP (21.10.2024)
«Fórum Cidadania LX – Associação
Exmos. Senhores,
Na sequência da comunicação infra junto do Presidente da Direção da Sociedade Histórica da Independência de Portugal, em Cc, sobre a intervenção em assunto, com o conhecimento deste Instituto, encarrega-me a Sr.ª Vice-Presidente, Doutora Ana Catarina Sousa, de esclarecer o seguinte:
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O projeto relativo às obras de manutenção, beneficiação e alteração no imóvel em assunto, após diversos antecedentes desde 2017, obteve o despacho favorável por parte da então DGPC em 07.01.2021, condicionado ao devido diagnóstico arqueológico, assim como, em fase de obra, ao acompanhamento técnico especializado dos trabalhos de maior sensibilidade/complexidade.
-
Trata-se de uma intervenção, essencialmente, de obras de reabilitação do imóvel classificado, com introdução de alterações pontuais para efeitos da instalação, no piso 0, de uma área museológica alusiva à Restauração da Independência – Museu da Independência, e demais reprogramação das necessidades programáticas (instalações sanitárias e áreas de trabalho), resolução das acessibilidades para pessoas de mobilidade condicionada e renovação de infraestruturas.
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Para o efeito, foi celebrado em maio de 2021 entre a SHIP, a então DGPC e a CML, na qualidade de entidade financiadora da intervenção, um protocolo de colaboração.
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Relativamente às questões concretas abaixo suscitadas, informa-se o seguinte:
4.1. Substituição das telhas (fotos 1 e 2); aquando do desenvolvimento do projeto de execução, e reconhecendo valor da imagem urbana consolidada, estava prevista a reutilização de uma percentagem significativa das telhas existentes. Todavia, em fase de preparação da obra, com a instalação de outros meios de observação/diagnóstico, foi possível constatar que as telhas existentes, aplicadas nas décadas de 60/70 (?), tipo industrial de “aba e canudo”, vulgo “lusa”, embora de “tonalidade” variada, apresentavam graves problemas de deterioração/consistência material, assim como falta de impermeabilização generalizada.
Face ao exposto, considerando a relevância das coberturas para uma adequada conservação futura do imóvel, optou-se pela aplicação de novas telhas, similares às existentes, num cromatismo uniforme sem envelhecimentos artificiais. A sua (melhor) integração cromática irá depender das condições associadas ao seu envelhecimento.
De salientar que a utilização de telhas de fabrico artesanal, suscita sempre reversas quanto às devidas garantias legais, em termos de certificação, exigidas em empreitadas públicas.
4.2. Caixilharias (fotos 3); as caixilharias existentes em madeira serão devidamente reabilitadas, procedendo apenas à substituição parcial de elementos irrecuperáveis, assim como à sua uniformidade cromática entre aros fixos e móveis.
4.3. Adufas na fachada tardoz (fotos 4); os elementos arquitetónicos referidos não fazem parte do Palácio da Independência. Correspondem a um imóvel privado contíguo.
4.4. Pala de vidro do pátio; de acordo com o projeto aprovado e a última reunião de obra, os referidos elementos serão demolidos, com grandes benefícios patrimoniais, permitindo a uniformização e requalificação do pátio.
Por último, informa-se que os espaços comerciais pertencentes à galeria do piso térreo da Rua das Portas de Santo Antão não estão contemplados na intervenção em curso nem no projeto viabilizado, sem prejuízo de se reconhecer da ausência de qualidade arquitetónica da situação existente.
O Património Cultural, I.P. encontra-se disponível para esclarecimentos adicionais.
Melhores cumprimentos
CARLOS BESSA
Assessor do Conselho Diretivo»
Painéis publicitários na fachada principal do Hospital de São José (Imóvel de Interesse Público) – pedido de esclarecimentos ao Património Cultural (07.10.2024)
Exmo. Sr. Presidente do Património Cultural, IP
Dr. João Soalheiro
C.C. ULS São José
Constatámos, com grande surpresa, que os responsáveis pela Unidade Local de Saúde de São José (ULSSJ) procederam à afixação de painéis publicitários nas colunas e parede do portão principal daquele Imóvel de Interesse Público, desfigurando por completo aquela que é a fachada mais emblemática do monumento (foto em anexo).
Solicitamos a V. Exa. que nos informe se a ULSSJ obteve a devida autorização do Património Cultural, IP, para que tal fosse possível.
Se a afixação dos painéis não tiver sido autorizada, pedimos a intervenção de V. Exa. no sentido de ser reposta a legalidade e ser devolvida a dignidade a este Monumento.
Na expectativa, apresentamos os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Maria Ramalho, Nuno Caiado, Rui Pedro Martins, Luis Mascarenhas Gaivão, Maria Teresa Goulão, Helena Espvall, Beatriz Empis, António Araújo, Jorge Pinto, José Maria Amador. Manuela Correia, Fátima Castanheira, Irene Santos, Gustavo da Cunha, Teresa Silva Carvalho, António Miranda
Palacete Conceição e Silva – mensagem de incentivo ao novo proprietário BF Grupo Inmobiliario (02.10.2024)
À Administração do BF Grupo Inmobiliario
C.C. PCML, Vereadora do Urbanismo, Presidente do Património Cultural
Exmos. Senhores
No seguimento da notícia veiculada pelo Jornal de Negócios de 15 de Agosto, dando conta da aquisição do Palacete Conceição e Silva, sito na Avenida da Liberdade, pelo BF Grupo Inmobiliario, enviamos este e-mail para vos encorajar a devolver a dignidade a este belíssimo e raro exemplar da arquitectura revivalista de feição neo-árabe da cidade de Lisboa, mui justamente classificado Imóvel de Interesse Público desde 1974.
Com efeito, apesar dessa classificação o Palacete ficou ao abandono desde que a empresa Fosfofeira Portuguesa saiu do imóvel, entrando este rapidamente em degradação, evidente no imóvel principal e nas duas garagens/cocheiras a tardoz, que têm entrada pela Rua Rodrigues Sampaio.
Fazemos votos para que o BF Grupo Imobiliario proceda a uma campanha cuidada de obras de restauro e de conservação da totalidade do palacete, recorrendo a empresas da especialidade e sob o acompanhamento da tutela do Património Cultural, e, não menos importante, assegure a sua utilização futura por quem o estime, preserve e respeite.
Com os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Miguel de Sepúlveda Velloso, Fernando Jorge, Ana Celeste Glória, Irene Santos, Rui Pedro Martins, Fátima Castanheira, Helena Espvall, José Maria Amador, Filipe de Portugal, Beatriz Empis, Manuela Correia, Jorge Pinto, Teresa Silva Carvalho
Fotos de Mário Novais (foto 1 e 2, c.1940) e de José Artur Leitão Bárcia (foto 3, anos 10), in Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian
Miradouro de Santa Luzia: vítima da sobrecarga turística em Lisboa – Apelo à CML e Junta de Freguesia (01.10.2024)
Exmo. Sr. Presidente da CML
Eng. Carlos Moedas,
Exmo. Sr. Presidente da JF Santa Maria Maior
Dr. Miguel Coelho
C.C. AML, ATL e media
Serve a presente comunicação para manifestarmos a nossa preocupação com este icónico espaço público da cidade histórica, que se encontra no estado deplorável que as imagens comprovam.
A sobrecarga turística a que está diariamente sujeito – e para o qual este lugar não foi pensado aquando da sua criação no início do séc. XX – tem vindo a agravar-se de ano para ano:
-As zonas verdes não resistem à sobrecarga de peões representada pela invasão diária a que o miradouro está sujeito.
-O lixo abunda em todo o miradouro e de pouco valem os esforços dos varredores da Junta de Freguesia pois a sobrecarga de turistas aniquila a limpeza em poucas horas.
-Os românticos canteiros/floreiras há muito que mudaram de funcionalidade sendo actualmente meros cinzeiros gigantes para conveniência dos turistas.
-Na fonte de parede já não corre o murmúrio da água desclassificada que foi enquanto improvisada papeleira.
-Painéis de azulejos, elementos em cantaria, tudo se encontra cronicamente sujo e parcialmente vandalizado.
Todos sabemos que é uma tarefa ingrata a manutenção destes espaços públicos tomados de assalto pela indústria do Turismo internacional.
Mas enquanto cidadãos, lisboetas e não só, não podemos deixar de manifestar indignação pelo estado a que deixámos chegar o ambiente urbano dos nossos bairros históricos.
Lamentável ainda, e não menos importante, é o facto dos moradores – e lisboetas em geral – se estarem a afastar deste lugar já que a sobrecarga turística a que está sujeito é equiparável a uma espécie de “expropriação” sacrificando assim a antiga qualidade de vida dos residentes.
Aquele que foi um dos lugares mais amados de Lisboa, fotografado por inúmeros artistas nacionais e estrangeiros, está reduzido a “estudo de caso” dos efeitos do Turismo massificado, sem qualidade.
Apelamos aos órgãos eleitos da CML e da Junta de Freguesia para agirem em conformidade.
Com os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Fernando Jorge, Bernardo Ferreira de Carvalho, Nuno Caiado, Miguel de Sepúlveda Velloso, Miguel Atanásio Carvalho, Eurico de Barros, Ana Alves de Sousa, António Araújo, Gustavo da Cunha, Jorge Pinto, Beatriz Empis, Conceição Delgado, Manuela Correia, Fátima Castanheira, Helena Espvall, José Amador, Filipe Teixeira, Maria Ramalho, Filipe de Portugal, Irene Santos, Teresa Silva Carvalho
…
Resposta do Presidente da JF Santa Maria Maior:
«Ex.mos. Senhores,
Miguel Coelho»
Campo dos Mártires da Pátria – Pedido de elaboração de Plano de Pormenor de Salvaguarda (26.09.2024)
Exmo. Senhor Presidente do Património Cultural, IP
Dr. João Soalheiro
CC. Presidente da CML, Ministra da Cultura e media
Como é do conhecimento de V. Exa., a modalidade de Plano de Pormenor e Salvaguarda está enquadrada pelo Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial (artigo 103º nº 2, alínea c) e artigo 106º do Decreto-Lei n.º 80/2015), e a Lei possibilita aos cidadãos proporem a sua elaboração às entidades a quem compete essa mesma elaboração.
Como é também do conhecimento de V. Exa., a classificação de Conjunto de Interesse Público (e antes disso, a de Imóvel de Interesse Público) não tem sido suficiente para assegurar a devida e necessária protecção e salvaguarda aos imóveis abrangidos por essa classificação de conjunto, que na sua larga maioria corresponde a áreas bastante grandes, abrangendo dezenas, senão centenas, de imóveis de uma só vez, o que torna impossível uma análise profunda caso a caso, quando está em causa o licenciamento de obras de alterações com ou sem demolições, daí resultando que a protecção se resume à preservação das fachadas principais.
Uma das razões para essa ineficácia residirá no facto de, à partida, a classificação de Interesse Público estar bastante aquém dos parâmetros de protecção assegurados por uma classificação de Monumento Nacional, mas também porque na esmagadora maioria dos casos essas classificações de conjunto não estarem regulamentadas, e também por não ter sido desenvolvido qualquer plano de salvaguarda para esse conjunto classificado.
Dito de outro modo, a salvaguarda subjacente à classificação torna-se letra morta do diploma legal, e os edifícios supostamente protegidos são-no de forma eufemística.
Considerando que ao Património Cultural, IP, compete, entre outros, “Propor ou elaborar, nos termos da lei e no âmbito do património cultural arquitetónico e arqueológico, planos de pormenor de salvaguarda;”,
E considerando que o exposto se aplica de forma exemplar no Campo de Santana/Campo dos Mártires da Pátria, classificado Imóvel de Interesse Público desde 1996 (Decreto nº 2/96, DR, 1ª série-B, nº 56 de 6 de Março), numa área que compreende um conjunto vastíssimo património histórico de relevância excepcional para Lisboa e o país – Paço da Bemposta, Jardim-Miradouro do Torel, Palácio do Patriarcado, chalets da Rua Júlio de Andrade, Instituto Bacteriológico Câmara Pestana, Escola Médico-Cirúrgica, Instituto de Medicina Legal, Palácio Mitelo, Palácio Centeno, Convento dos Capuchos, Jardim Braancamp Freire, dezenas de edifícios emblemáticos da arquitectura de várias épocas construtivas e uma importante componente da “arquitectura da água” (conforme planta em anexo);
De que resultou o facto de termos assistido, no decorrer dos anos pós-classificação (1996), ao licenciamento de uma série de alterações radicais que têm vindo a descaracterizar seriamente e de forma irreversível o património em apreço (ex. obras recentes no Palácio Silva Amado e casa senhorial da família Vaz de Carvalho, ou as janelas de alumínio no edifício da Escola Médico-Cirúrgica);
Solicitamos a V. Exa. que dê indicações aos Serviços do Património Cultural, IP, para que desenvolvam, em tempo útil, um Plano de Pormenor de Salvaguarda para toda a área delimitada pela classificação de Imóvel de Interesse Público de 1996, no qual se estabeleçam «as orientações estratégicas de actuação e as regras de uso e ocupação do solo e edifícios, necessárias à preservação e valorização do património cultural ali existente».
Deste modo, estamos crentes que conseguirá estancar a destruição que se vem alastrando um pouco por toda a área, onde existem já novas ameaças a edifícios já sinalizadas publicamente, que estão a ser objecto de pedidos de informação prévia e de licenciamento de alterações com vista a empreitadas de ampliações e demolições em tudo contrárias ao espírito da lei que instituiu a classificação de bens imóveis.
Junto enviamos, a título exemplificativo, a memória justificativa dos chalets, palacetes e jardim-miradouro da Rua Júlio de Andrade.
Na expectativa, apresentamos os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Miguel de Sepúlveda Velloso, Nuno Caiado, Luis Mascarenhas Gaivão, Rui Pedro Martins, Irene Santos, Eurico de Barros, Gustavo da Cunha, Helena Espvall, Jorge Pinto, Fernando Jorge, António Miranda, Filipe de Portugal
Foto: Jornal Público
Candidatura da Igreja de Santa Catarina aos 7 Most Endangered Sites 2025 Europa Nostra (16.09.2024)
NOTA DE IMPRENSA
Serve o presente para informar que submetemos a Igreja e o Convento de Santa Catarina, sitos na Calçada do Combro, em Lisboa, à iniciativa 7 Most Endangered Sites de 2025 da Europa Nostra, fazendo votos que esta propositura possa ajudar, de alguma maneira, ao restauro e reabilitação daquele Monumento Nacional, cujo estado de conservação é por demais preocupante.
Recordamos que este conjunto de extrema relevância histórica, artística e patrimonial, é propriedade do Estado Português, designadamente da Direcção-Geral do Tesouro e Finanças e da ESTAMO.
Com os melhores cumprimentos
A Direcção
Mãe d’Água das Amoreiras – Nova missiva à Direcção Museu da Água s/sua resposta de 10 de Set. (13.09.2024)
Exma. Sra. Directora do Museu da Água
Dra. Mariana Castro Henriques
CC. Ministério da Cultura, Património Cultural, IP, Comissão Nacional da UNESCO e Agência LUSA
À luz da resposta que V. Exa. teve a amabilidade de nos enviar no dia 10 de Setembro, que muito agradecemos, gostaríamos de sublinhar alguns pontos e reafirmar as nossas preocupações.
Aplaudimos a lista exaustiva de critérios que vão desde a acessibilidade à satisfação do público e retorno, passando pelo envolvimento digital, os quais terão levado a uma avaliação periódica da mais-valia, ou da falta dela, resultante da exploração de espaços que são obras-primas da arquitectura, para espectáculos regulares, mais ou menos imersivos.
Tudo critérios que, supomos, serem universais e não específicos do Reservatório da Mãe de Água. Não haverá, com toda a certeza, nenhuma direcção museológica que não queira ver o espaço que dirige a “desafiar as convenções mais tradicionais” e a ser alvo de visitas.
Contudo outros critérios deveriam, neste caso e em nossa opinião, ter sido sopesados antes da concessão do Monumento à empresa OCUBO nos moldes e programação em que o monumento, ou melhor, a Immersivus Gallery Lisboa, se tem apresentado ao visitante.
Por exemplo:
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O critério da adequação da oferta ao espaço monumental e histórico onde se insere, tratando-se de uma exploração continuada, desde 2019.
O carácter excepcional do reservatório da Mãe-de-Água, reconhecido no próprio site do museu, dificilmente se vislumbra no contexto da sua actual exploração.
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O critério da adequação de materiais, estruturas de suporte e equipamentos utilizados: parece-nos estranho que notórias estruturas de equipamentos, que lesam e invalidam em permanência a plena leitura e fruição do interior do Reservatório, e o exterior, possam, alguma vez, ser defendidas, mesmo que o espectáculo que sustentam pudesse valorizar o espaço.
Numa inversão de critérios, o monumento apresenta-se como um palco de eventos, equipado em permanência e expectante da próxima sessão.
A janela a sul tapada, a parede interior do tanque com estruturas apostas, por ex., ou, no exterior, a relva sintética, os holofotes azuis/roxos, plantas de plástico e a instalação de tendas cinzentas, ou coberturas de madeira/contraplacado.
Refira-se que as tendas não são só uma presença “algo intrusiva no espaço”, são o inquestionável abarracamento de um parterre único em Lisboa com uma extraordinária colecção de Cycas sp., estando uma delas entalada entre duas dessas tendas. A relva está também em péssimo estado, o que é um sinal de alerta.
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O critério, ainda, da eficácia da comunicação museológica: afigura-se-nos difícil ver como é que o público fruirá de um espaço, verdadeiro templo da água, quando o mesmo se transformou numa evidente sala de projecção de espectáculos de luz e som, certamente imersivos, e com temas como Dalí, Klimt, o misterioso Egipto. No mistério permanecerão as intenções dos notáveis arquitectos desta obra-prima: contemplação, perspectivas, pureza de linhas, sobriedade, silêncio. Na sua materialidade e compreensão históricas.
Não precisaremos de lembrar que não se constrói uma programação sobre o prejuízo do próprio monumento. E o número de visitantes não é garantia de uma boa exploração do espaço.
Assim, lançamos novo apelo a V. Exa. para que se ponha um termo, ou se reconvertam os moldes de exploração actual deste espaço, recolocando o monumento como o real acontecimento.
Estamos certos que será da preocupação dessa Direcção, e de todos nós, a procura de soluções que, mesmo através de parcerias, possam emprestar uma “nova dinâmica” ao reservatório da Mãe-de-Água e a sua integração na extraordinária Real Obra das Águas Livres.
Por fim, estranhamos o facto da Direcção do Museu nada dizer sobre a candidatura desse património à categoria de Património Mundial UNESCO, um objectivo para o qual contamos que a Direcção empregue o mesmo ou maior empenho e entusiasmo com que defende o espectáculo imersivo explorado nesta obra única de uma capital não menos singular.
Com os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Miguel de Sepúlveda Velloso, Bernardo Ferreira de Carvalho, Nuno Caiado, Rui Pedro Barbosa, Rui Martins, Jorge Pinto, Gustavo da Cunha, Raquel Henriques da Silva, Fernando Jorge, Fátima Castanheira
…
Resposta da Sra. Directora do Museu da Água (10.09.2024)
Exmos. Senhores
Recebi a vossa comunicação, a qual mereceu a minha maior atenção.
Nesse sentido, e face ao exposto, cumpre-me informar o seguinte:
O Reservatório da Mãe d’Água das Amoreiras, integrado no sistema hidráulico Aqueduto das Águas Livres, classificado como Monumento Nacional, é um dos cinco espaços musealizados que integra, desde há vários anos, o Museu da Água da EPAL. Nesse sentido, encontra-se aberto ao público e cumpre uma programação de âmbito cultural, patrimonial e ambiental.
Desde o final de 2019 a EPAL, através do Museu da Água, desenvolveu com o Atelier criativo OCUBO uma programação especifica referente à produção/realização de espetáculos imersivos, a funcionar no Museu da Água – Reservatório da Mãe d’Água das Amoreiras.
Esta parceria, realizada através de um acordo de cedência temporária de utilização do espaço, permitiu assumir uma nova dinâmica que proporciona ao público a experimentação de um espaço patrimonial através de diferentes composições artísticas e culturais.
Os espetáculos imersivos temáticos, relacionados com a obra e a vida de artistas, com reconhecimento internacional, constituiu, desde o primeiro dia, um enorme sucesso, permitindo ao Museu da Água – Mãe d’Água das Amoreiras, por um lado, receber um elevadíssimo número de visitantes, maioritariamente pessoas que nunca tinham entrado naquele espaço, e, por outro lado, alcançar novos públicos, com especial destaque para os mais jovens que, conforme é do conhecimento geral, são aqueles/as que menos visitam museus e monumentos.
A permanência dos espetáculos de vídeo mapping imersivo permitiram a manutenção dos horários de visita ao Monumento Nacional, garantindo a abertura do espaço ao público, tanto para visita livre, como para visita guiada, proporcionando a todos/as os/as visitantes a possibilidade de fruir a infraestrutura hidráulica, enquanto edifício histórico.
A partir de outubro de 2022, o espetáculo imersivo passou a contar com uma componente expositiva que, não só enriquece a programação, como permite ao público adquirir conhecimento adicional sobre o tema.
Para esse efeito, foram instaladas as tendas de exterior que, apesar de uma presença algo intrusiva no espaço, se revestem de vários atributos que permitem dar continuidade ao projeto artístico: são funcionais e amovíveis, não permanentes, não comprometem a conservação e a estabilidade do património edificado, são acessíveis e permitem acomodar a exposição que enriquece o espetáculo imersivo e ainda possibilita ao público uma experiência mais completa, dotada de mais informação.
A instalação das tendas é temporária existindo, desde o inicio do projeto, uma data prevista para a desmontagem das mesmas. Essa data, naturalmente, coincidirá com o final da programação que lhes está afeta.
No que respeita à programação museológica e cultural do Museu da Água, dirigida especificamente a cada um dos espaços patrimoniais, refere-se que a mesma é da inteira responsabilidade da Direção do Museu da Água e Património Histórico da EPAL, que gere o espaço em questão, com total autonomia.
A referida programação é revista anualmente e não há atividades “sem fim à vista…”. As atividades propostas são analisadas através da realização de estudos de viabilidade que refletem os fatores de sucesso e insucesso, o impacto imediato, a curto, a médio e a longo prazo, e a hipótese, ou não, de continuidade.
Para esse efeito são determinados, e avaliados, critérios, nomeadamente no que respeita a: participação, frequência, inclusão e acessibilidade; impacto cultural e social; qualidade artística, inovação e apreciação critica; satisfação do público e retorno; sustentabilidade financeira e viabilidade; contribuição para o património cultural no que respeita à preservação, valorização ou divulgação do património; legados; engajamento digital; ações educativas; inovação e experimentação; resiliência e capacidade de adaptação.
A combinação destes critérios oferece uma visão abrangente do sucesso das iniciativas culturais, permitindo que se compreenda não apenas o seu impacto imediato, mas também a sua contribuição para a sociedade. A continuidade da atividade é sempre analisada face à capacidade de evolução e da relevância em contextos futuros.
O Museu da Água considera que a programação patente na Mãe d’Água das Amoreiras, bem como em todos os espaços museológicos que dirige, cumpre os pressupostos necessários à atividade cultural e repudia liminarmente qualquer comentário que refira a não dignificação do Monumento Nacional.
Um espetáculo imersivo é inequivocamente uma forma de expressão artística que valoriza uma série de aspetos, nomeadamente: o envolvimento sensorial e emocional; a existência de uma interação ativa; a exploração de temas mais complexos através da imagem e dos estímulos, que oferecem uma forma diferente de conhecer e explorar temas artísticos; a inovação artística, através da combinação de diferentes formas de arte, que desafia as convenções tradicionais; a acessibilidade e a inclusão que facilitam o acesso a todos e a todas; o desenvolvimento comunitário que promove a colaboração e a coesão social; a valorização do património cultural, tornando-o mais atrativo, em particular para as camadas mais jovens; o impacto cultural e social que contribui para a reflexão cultural e social; a educação e a aprendizagem; a promoção do turismo cultural e a contribuição para a economia local.
Relativamente ao espaço exterior, informo que as tendas colocadas no jardim do recinto da Mãe d’Água foram dispostas de forma a preservar as espécies botânicas existentes naquele espaço. As referidas espécies são periodicamente analisadas no sentido de as manter em bom estado de conservação.
O equipamento técnico, nomeadamente material audiovisual, presente no interior do reservatório, reflete a instalação necessária à produção/apresentação do espetáculo imersivo, tendo sido acomodado de forma a não provocar qualquer impacto ou dano na estrutura.
Nos últimos dez anos a EPAL tem vindo a desenvolver inúmeros projetos de conservação e restauro nas infraestruturas patrimoniais que estão sob a sua gestão, nomeadamente no sistema Aqueduto das Águas Livres, que inclui o Reservatório da Mãe d’Água das Amoreiras.
Existe atualmente uma profunda consciência das problemáticas associadas à conservação do espaço. A mesma está assente num plano de inspeções periódicas que permite compreender a existência e/ou a evolução das patologias e o risco associado a cada uma delas.
As ações de conservação e restauro neste local estão integradas no plano de salvaguarda do Aqueduto das Águas Livres, sistema com uma extensão, aérea e subterrânea, superior a 58 quilómetros, com mais de 400 estruturas associadas. As intervenções realizadas são calendarizadas e vão sendo desenvolvidas no sentido de priorizar as situações mais urgentes.
As patologias detetadas no Reservatório da Mãe d’Água das Amoreiras em nada se relacionam com a programação patente. Estão associadas a fatores como variação térmica, infestação biológica, problemas estruturais, poluição, erosão e intempéries, humidade extrema, exposição dos elementos a condições climáticas adversas, entre outros.
A EPAL, através da Direção do Museu da Água e Património Histórico, continuará o trabalho que tem realizado ao longo de muitos anos no sentido de preservar o sistema Aqueduto das Águas Livres, e todo o património histórico da água que lhe está associado, cumprindo estritamente a legislação afeta aos espaços classificados. Continuará, igualmente, a gerir estes espaços, atualmente museológicos, com o maior rigor, seriedade, diversidade e de forma absolutamente inclusiva, no sentido de permitir ao maior número de visitantes a fruição absoluta do património da água, o conhecimento da história da água em Lisboa e o papel da água na educação para a sustentabilidade.
Com os meus melhores cumprimentos,
Mariana Castro Henriques
Diretora
Direção do Museu da Água e do Património Histórico
EPAL – Empresa Portuguesa das Águas Livres, S.A.