Património
Protesto a UL, CML, CCDR-LVT e PC-IP por permitirem o enxovalho recente ao Pavilhão de Portugal (05.11.2025)
Magnífico Senhor Reitor da Universidade de Lisboa
Prof. Luís Manuel dos Anjos Ferreira,
Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Lisboa
Eng. Carlos Moedas,
Exma. Sra. Presidente do Conselho Directivo da CCDR-LVT
Arq. Teresa Mourão de Almeida,
Exmo. Sr. Presidente do Património Cultural, IP
Doutor João Soalheiro
C.C. AML e media
Serve o presente para manifestarmos o nosso veemente protesto pela instalação de uma grande tenda sob a pala do Pavilhão de Portugal, no Parque das Nações, por ocasião da Web Summit 2025.
A nosso ver, esta intervenção constitui uma grave afronta à dignidade patrimonial e arquitectónica deste edifício, classificado como Monumento de Interesse Público (MIP) desde 2010 (Portaria n.º 240/2010, publicada no Diário da República, 2.ª série, n.º 62, de 30 de Março de 2010.
O Pavilhão de Portugal, obra de referência do arquitecto Álvaro Siza Vieira, é uma das criações mais emblemáticas da arquitectura contemporânea portuguesa e símbolo da Expo 98 e da própria Lisboa moderna. A sua pala (elemento estrutural e plástico único no mundo) não foi concebida para servir de cobertura para estruturas temporárias ou comerciais, pelo que a instalação de uma tenda e demais equipamentos de suporte, constitui uma descaracterização inaceitável, contrariando o espírito da sua classificação patrimonial.
Recorde-se que, em 2015, o Governo entregou o Pavilhão de Portugal à Universidade de Lisboa, com a condição expressa de o integrar no seu projeto científico e cultural, “prevendo-se que este espaço emblemático da cidade de Lisboa seja palco de diversas iniciativas no âmbito da educação, investigação científica e cultura promovidas pela ULisboa”.
Não nos parece que a cedência do espaço sob a pala para que ali seja colocada uma tenda de apoio a evento comercial, respeite a integridade visual e física do monumento. Antes desvirtua a missão pública e cultural que justificou a entrega deste bem pelo Estado à Universidade de Lisboa.
Pelo exposto, solicitamos à Universidade de Lisboa, à CCDR-LVTe ao Património Cultural, IP, e à CML, enquanto patrocinadora do Websummit, que, doravante, actuem em conformidade com a legislação de proteção patrimonial e sentido de auto-estima e brio pelo Património da cidade, garantindo que a integridade material e simbólica do Pavilhão de Portugal seja preservada.
O Pavilhão de Portugal não é um pavilhão de feiras: é uma obra de arte habitada pela memória colectiva da cidade e símbolo do engenho arquitetónico português. A sua utilização deve ser coerente com o seu valor cultural, científico e institucional, e não subjugada a interesses comerciais efémeros, sejam eles quais forem.
É motivo de embaraço, uma vergonha nacional, que a propósito de um evento de renome internacional como o Web summit nos apresentemos desta forma tão desqualificada como é esta que demonstra uma incapacidade de fazer com qualidade, uma cegueira face à excelência de uma obra de Arquitectura elogiada além-fronteiras.
Com os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Pedro Jordão, Rosa Casimiro, Rui Pedro Martins, Fernando Jorge, Henrique Chaves, Diogo Baptista, Filipe de Portugal, Fátima Castanheira, Jorge Pinto, Beatriz Empis, Nuno Caiado, António Dias Coelho, António Araújo, Maria Ramalho, José Maria Amador
Pedido de classificação da Padaria São Roque (04.11.2025)
Exmo. Senhor Presidente do Conselho Directivo do Património Cultural, IP
Doutor João Soalheiro
C.C. Senhora Ministra da Cultura
Como é do conhecimento de V. Exa., a Padaria São Roque, que é a mais antiga padaria existente em Lisboa (c. 1899), então como “padaria italiana” – a designação comercial actual, Panificação Reunida de São Roque, Lda, foi formalmente criada em 1961 por fusão de várias padarias do Bairro Alto – é um testemunho notável do património comercial e urbano de Lisboa e do país.
O edifício que a acolhe é um destacado exemplar da arquitetura do final do Século XIX, tendo o projeto do imóvel sido entregue nos serviços municipais em 1899 e ocupando parte do terreno do antigo Palácio dos Salemas.
A Padaria São Roque é um extraordinário exemplar da arquitectura “Beaux Arts” fino-oitocentista do nosso país, com uma decoração de qualidade excepcional em termos de azulejaria “Art Nouveau”, mantendo a maior parte dos seus elementos originais, o que o torna um documento material único da cultura estética e produtiva lisboeta de transição entre os séculos XIX e XX, revelando um raro equilíbrio entre a sofisticação formal e a funcionalidade própria dos espaços de fabrico e venda da época.
A Padaria São Roque representa, assim, não apenas um espaço de comércio tradicional, mas um fragmento vivo da história social, económica e artística de Lisboa, em perfeita continuidade de uso e autenticidade, o que reforça o seu valor cultural e identitário.
Considerando o enquadramento jurídico estabelecido pela Lei n.º 107/2001, de 8 de setembro (Lei de Bases do Património Cultural), e pelo Decreto-Lei n.º 10/2024, de 8 de janeiro, que regula a classificação e inventário de bens imóveis com valor cultural, entendemos que este estabelecimento reúne os critérios de autenticidade, raridade, exemplaridade e valor estético que justificam plenamente a sua classificação como imóvel de interesse público, garantindo assim a devida proteção legal e o reconhecimento patrimonial que há muito lhe é devido.
Trata-se, pois, de um espaço arquitectónico e simbólico de excepção, cuja preservação e valorização são indispensáveis à memória coletiva da cidade de Lisboa e ao seu património edificado.
Assim, temos o prazer de juntar o Requerimento Inicial de Procedimento de Classificação, bem como várias fotografias actuais, planta de localização e plantas e cortes existentes no Arquivo Municipal de Lisboa.
Na expectativa, apresentamos os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Miguel de Sepúlveda Velloso, Pedro Jordão, Rui Pedro Martins, Jorge Oliveira, Helena Espvall, Fernando Jorge, Nuno Caiado, Diogo Baptista, António Araújo, Jorge Pinto, Filipe de Portugal, Eurico de Barros, Gustavo da Cunha, Fátima Castanheira, Maria Teresa Goulão, Beatriz Empis, Ana Cristina Figueiredo
Foto: Lojas com História
Pedido de classificação da Retrosaria Bijou (29.10.2025)
Exmo. Sr. Presidente do Conselho Directivo do Património Cultural, IP
Doutor João Soalheiro
C.C. Senhora Ministra da Cultura
Como é do conhecimento de V. Exa. a Retrosaria Bijou é não só a mais antiga retrosaria de Lisboa, datando de 1915, como é uma das mais belas e mais bem preservadas lojas históricas da cidade, mantendo ainda hoje uma relação de grande afectividade com a população. A sua fachada Arte Nova e o seu interior de gosto neo-clássico são continuamente fotografados e fazem parte de todos os roteiros turísticos de quem nos visita.
Tal como temos vindo a fazer aquando dos pedidos de classificação de lojas emblemáticas e únicas que vimos submetendo, directa e indirectamente, à tutela da Cultura, e que foram posteriormente aceites pelos Vossos Serviços, daí resultando a sua classificação de Interesse Público (ex. Cervejaria Solmar, Ourivesaria Barbosa Esteves, Restaurante Snack-Bar Galeto, Tabacaria Mónaco), também aqui julgamos ser da mais elementar justiça o seu reconhecimento pelo Património Cultural, IP, pela atribuição do estatuto de Monumento de Interesse Público à Retrosaria Bijou.
Deste modo, temos o prazer de submeter a V. Exa. o respectivo Requerimento Inicial de Procedimento de Classificação, juntando para o efeito uma série de fotografias do exterior e interior, e uma planta de localização.
Na expectativa, apresentamos os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Miguel de Sepúlveda Velloso, Pedro Jordão, Diogo Baptista, Filipe de Portugal, Ana Alves de Sousa, Jorge Oliveira, Beatriz Oliveira, Rui Pedro Martins, Madalena Martins, Helena Espvall, Jorge Pinto, Gustavo da Cunha, Fernando Jorge, António Araújo, Maria Teresa Goulão, Eurico de Barros, João Batista, Carlos Boavida, Rui Pedro Barbosa, Ana Cristina Figueiredo
Pedido de classificação da Central termoeléctrica Krupp da antiga Fábrica da Pólvora sem Fumo (24.10.2025)
Exmo. Sr. Presidente do Património Cultural, IP
Doutor João Soalheiro
C.C. Senhora Ministra da Cultura










