Palácio da Independência

Obras a decorrer no Palácio da Independência – lamento e pedido de esclarecimentos à Sociedade Histórica Independência de Portugal (08.10.2024) 1024 1024 Paulo Ferrero

Obras a decorrer no Palácio da Independência – lamento e pedido de esclarecimentos à Sociedade Histórica Independência de Portugal (08.10.2024)

Exmo. Sr. Dr. José Ribeiro e Castro
Presidente da Direcção da Sociedade Histórica da Independência de Portugal
C.C. Património Cultural, IP
No seguimento da comunicação que V. Exa. teve a amabilidade de nos enviar em Março de 2023, designadamente quando referiu que o projecto em apreço respeitaria escrupulosamente as características do Palácio e dos seus materiais, confessamos a nossa decepção por vermos que estão a ser colocadas telhas de fabrico industrial (foto 1). Algumas vozes mais críticas consideram que as novas telhas mais parecem de “plástico”), substituindo as lindíssimas telhas (fotos 2 e 3) que cobriam a totalidade do Palácio, e que, ao contrário das novas, tinham uma bela patine, variação subtil de tons que davam mais carácter ao edifício.
Havendo a necessidade de substituir as telhas, não compreendemos como as telhas não foram alvo de uma escolha mais cuidada, garantindo as qualidades do fabrico artesanal, que seriam bem mais apropriadas a um palácio Monumento Nacional, como é o caso, e não estas novas que apesar de serem, com certeza, de qualidade, falham o critério da adequação e harmonização estética por serem de fabricação estritamente industrial.
Ficamos agora apreensivos quanto aos critérios adoptados para as caixilharias de madeira maciça dos vãos, desenhadas por Raul Lino: também elas serão substituídas? 
Fazemos votos para que não sejam substituídas por caixilharias em alumínio ou PVC com vidro duplo. 
E que as belas adufas na fachada a tardoz sejam sabiamente restauradas (foto 4).
E muito gostaríamos que, aproveitando as obras em curso, fosse retirada a pála de vidro que existe num dos cantos do pátio, assim como reaberta a galeria do piso térreo da Rua das Portas de Santo Antão, com a eliminação de todos os espaços comerciais ali existentes, que em nada contribuem para a dignidade do Palácio e da própria cidade.
Com os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Maria Ramalho, Miguel de Sepúlveda Velloso, Nuno Caiado, Fernando Jorge, Fátima Castanheira, Carlos Boavida, Jorge Pinto, Beatriz Empis, Gustavo da Cunha, Ana Celeste Glória, Teresa Silva Carvalho

Resposta do Presidente da Sociedade Histórica da Independência de Portugal (10.10.2024)

«Exmos. Senhores,
A vossa carta mereceu a nossa melhor atenção. Assim, sem prejuízo dos breves comentários que ainda farei neste correio, abrimos as portas a uma vossa visita, guiada pelo Vice-presidente da Direcção, Dr. Gustavo Mesquita Guimarães, que tem dirigido a obra, por nossa parte, e assegurado o seu acompanhamento, com muita experiência e de forma magnífica. Ele tem todo o gosto em vos receber, responder às vossas questões (é sempre mais fácil falar do que estar com carta para cá e para lá), explicar os problemas surgidos e as soluções encontradas, bem como expor o andamento dos trabalhos e o seu fim previsível.

Peço que estabeleçam diálogo directo, a fim de marcar a vossa visita para a melhor altura para todos. Terá certamente de haver um limite no grupo de vossos representantes, pois o espaço é exíguo e as obras estão a decorrer. Conversarão sobre isso também. Para essa marcação, o endereço e-mail do nosso VP está em CC.

A Sociedade Histórica quer servir da melhor forma, em tudo o que for possível e da nossa responsabilidade e decisão, os interesses do património histórico e do património cultural reflectidos e expressos no Palácio. Estamos, ainda, bem conscientes de “morarmos” num Monumento Nacional, que queremos ver respeitado e bem conhecido e valorizar. Por isso mesmo, os projectistas trabalharam sobre a pressão exigente destes critérios e sempre reclamámos trabalhar em articulação com a DGPC, além da CML, que é o financiador. Essa articulação existiu em todas as fases deste processo, desde 2016 (e mantém-se), nomeadamente nos momentos em que houve (ou houver) que tomar decisões mais sensíveis ou críticas.
Quanto às telhas, que não são obviamente de plástico, nem a tal minimamente se assemelham, é claro que, se as telhas antigas estivessem em condições, teriam ficado. Acontece que não estavam. Numa fase inicial das obras, fomos confrontados com a constatação de os telhados necessitarem, em geral, de telhas novas, por as antigas estarem, na generalidade, muito deterioradas e não assegurarem minimamente a função. Na verdade, nos invernos dos últimos anos, foi frequente chover (e, nalguns pontos, abundantemente) em diferentes secções do Palácio. Houve mesmo um corredor em que os bombeiros tiveram de interditar a circulação. Assim, partiu-se para um telhado novo, sendo a decisão de escolha das telhas participada nos termos acima descritos. Cremos que se escolheu a melhor solução.
Que aspecto tem, então, o telhado? Tem o aspecto de um telhado novo. Imagino que isto possa ter acontecido outras vezes, na longa vida deste Palácio, e possa voltar a acontecer daqui a, por exemplo, 100 anos. Acontece. Quando os telhados estão velhos e em ruína, a solução é telhados novos – é claro, escolhidos com critério. E houve esse critério. Ainda se pôs, por exemplo, a hipótese de escurecer as telhas novas, pintando a patine, o que foi unanimemente rejeitado. Os que mais responsabilidades técnicas e profissionais têm nesta abordagem, rejeitam quaisquer arranjos artificiais e falsos, sendo firmes na ideia de que… a patine vem com o tempo. O que, bem vistas as coisas, é a verdade: a patine vem com o tempo.
Quanto à introdução de PVC e alumínios, é evidente que não haverá. É até uma ideia quase ofensiva. Quanto à pála de vidro, será eliminada. E o projecto não prevê a alteração das secções que dão para a Rua das Portas de Santo Antão.

Por fim, uma contingência geral: esta obra tem um custo e esse custo não pode ser excedido. O imóvel é do Estado, como saberão. E o Estado quase nada contribui. Seria certamente outra coisa, se abrisse os cordões à bolsa ou, ao menos, provesse aos custos correntes de manutenção e conservação. A degradação do edifício ao longo dos últimos anos teve muito certamente a ver com isso – sabemos como os processos de deterioração são mais céleres em imóveis antigos. O Estado, além disso, nunca se dispôs a suportar esta reabilitação, tendo de ser a Câmara a chegar-se à frente. Porém, a CML, que não é dona do Palácio, teve muitas limitações naquilo que podia estar disponível a custear. Por isso, as circunstâncias impuseram um projecto algo minimalista, que deixou de lado algumas áreas e secções do Palácio. A obra tinha como alavanca a criação de um museu/centro de interpretação e propunha-se ainda reabilitar coberturas e outras áreas mais degradadas. Tem-se conseguido ampliar a obra a áreas muito carenciadas, sem afectar o equilíbrio orçamental global. Temos muito respeito pela generosidade da Câmara e pelos dinheiros que colocou nas nossas mãos.

Já agora: sabem quanto o Estado nos atribui anualmente como dotação orçamental? 5.000 euros por ano. Isso mesmo: meio salário mínimo de mesada. É assim desde 2015 e próximo disso desde 2010. Cheguei a escrever um artigo a este respeito, que podem ler aqui 5.000 euros/ano ou descarregando o anexo. Mas o Estado também não lê jornais ou não entende: neste ano, já renovou a mesada, atribuindo-nos os 5.000 euros da praxe. Ainda estamos a lutar para que esta política (ou ausência dela) seja corrigida, até por elementar respeito pelo património histórico e por um emblemático Monumento Nacional, e queremos acreditar que esta obra marque, enfim, uma viragem nesta política de descaso e desinteresse.
Com esta resposta já pronta, ontem, fui alertado, durante a noite, para o facto de que tornaram pública a carta que nos escreveram e a que respondo: aqui. Considero o gesto uma quebra de cortesia, disparando, primeiro, e perguntando, depois. Em qualquer caso, não alteramos o que disse de início e mantemos a abertura à visita guiada. Apreciamos a cidadania, de que também fazemos exercício na Sociedade Histórica, e compreendemos e respeitamos a liberdade de expressão.
Todavia, a publicidade dada às vossas preocupações sem aguardar sequer algum esclarecimento da nossa parte é objectivamente ofensiva, nem só para nós, mas também para as DGPC e CML e, principalmente, para os projectistas, que são arquitectos reputados. Todo o projecto, desde o princípio, foi preparado e desenvolvido por arquitectos com reputação bem estabelecida; e toda a obra assenta em documentos conformes ao projecto e aprovados por Sociedade Histórica, CML e DGPC. Toda a execução é acompanhada também, em permanência, tim-tim-por-tim-tim, pelos arquitectos projectistas, incluindo, como é evidente, quanto a todos os materiais, passando-se o mesmo quanto a qualquer alteração a adoptar. Isto não é uma balbúrdia de “deixa lá ver”, mas um processo de obra inteiramente responsável, isto é, com responsabilidades devidamente distribuídas e partilhadas.
Estamos à disposição para a vossa visita e abertos ao esclarecimento.
Cordialmente,

José Ribeiro e Castro
Presidente da Direcção
Sociedade Histórica da Independência de Portugal»

Resposta do Património Cultural, IP (21.10.2024)

«Fórum Cidadania LX – Associação
Exmos. Senhores,
Na sequência da comunicação infra junto do Presidente da Direção da Sociedade Histórica da Independência de Portugal, em Cc, sobre a intervenção em assunto, com o conhecimento deste Instituto, encarrega-me a Sr.ª Vice-Presidente, Doutora Ana Catarina Sousa, de esclarecer o seguinte:
  1. O projeto relativo às obras de manutenção, beneficiação e alteração no imóvel em assunto, após diversos antecedentes desde 2017, obteve o despacho favorável por parte da então DGPC em 07.01.2021, condicionado ao devido diagnóstico arqueológico, assim como, em fase de obra, ao acompanhamento técnico especializado dos trabalhos de maior sensibilidade/complexidade.
  2. Trata-se de uma intervenção, essencialmente, de obras de reabilitação do imóvel classificado, com introdução de alterações pontuais para efeitos da instalação, no piso 0, de uma área museológica alusiva à Restauração da Independência – Museu da Independência, e demais reprogramação das necessidades programáticas (instalações sanitárias e áreas de trabalho), resolução das acessibilidades para pessoas de mobilidade condicionada e renovação de infraestruturas.
  3. Para o efeito, foi celebrado em maio de 2021 entre a SHIP, a então DGPC e a CML, na qualidade de entidade financiadora da intervenção, um protocolo de colaboração.
  4. Relativamente às questões concretas abaixo suscitadas, informa-se o seguinte:
4.1. Substituição das telhas (fotos 1 e 2); aquando do desenvolvimento do projeto de execução, e reconhecendo valor da imagem urbana consolidada, estava prevista a reutilização de uma percentagem significativa das telhas existentes. Todavia, em fase de preparação da obra, com a instalação de outros meios de observação/diagnóstico, foi possível constatar que as telhas existentes, aplicadas nas décadas de 60/70 (?), tipo industrial de “aba e canudo”, vulgo “lusa”, embora de “tonalidade” variada, apresentavam graves problemas de deterioração/consistência material, assim como falta de impermeabilização generalizada.
Face ao exposto, considerando a relevância das coberturas para uma adequada conservação futura do imóvel, optou-se pela aplicação de novas telhas, similares às existentes, num cromatismo uniforme sem envelhecimentos artificiais. A sua (melhor) integração cromática irá depender das condições associadas ao seu envelhecimento.
De salientar que a utilização de telhas de fabrico artesanal, suscita sempre reversas quanto às devidas garantias legais, em termos de certificação, exigidas em empreitadas públicas.
4.2. Caixilharias (fotos 3); as caixilharias existentes em madeira serão devidamente reabilitadas, procedendo apenas à substituição parcial de elementos irrecuperáveis, assim como à sua uniformidade cromática entre aros fixos e móveis.
4.3. Adufas na fachada tardoz (fotos 4); os elementos arquitetónicos referidos não fazem parte do Palácio da Independência. Correspondem a um imóvel privado contíguo.
4.4. Pala de vidro do pátio; de acordo com o projeto aprovado e a última reunião de obra, os referidos elementos serão demolidos, com grandes benefícios patrimoniais, permitindo a uniformização e requalificação do pátio.
Por último, informa-se que os espaços comerciais pertencentes à galeria do piso térreo da Rua das Portas de Santo Antão não estão contemplados na intervenção em curso nem no projeto viabilizado, sem prejuízo de se reconhecer da ausência de qualidade arquitetónica da situação existente.
O Património Cultural, I.P. encontra-se disponível para esclarecimentos adicionais.
Melhores cumprimentos
CARLOS BESSA
Assessor do Conselho Diretivo»
Protesto pelo estado do Palácio da Independência (MN) 1024 795 Paulo Ferrero

Protesto pelo estado do Palácio da Independência (MN)

À Direcção da Sociedade Histórica da Independência de Portugal
C.C. DGTF, DGPC, CML e Agência Lusa
Exmos. Senhores
Vimos pelo presente apresentar o nosso protesto pelo estado lastimável a que estão votadas as belíssimas caixilharias do Palácio dos Condes de Almada, vulgo Palácio da Independência e sede dessa Sociedade. 
Custa-nos assistir à degradação paulatina das caixilharias em madeira desenhadas por Raul Lino para esse palácio, as quais estão a precisar urgentemente de manutenção! Inclusive, há vidros partidos e plástico a tapá-los, conforme as fotos em anexo.
Esperemos que não esteja a ser preparada a sua substituição por PVC, o que seria ainda mais atentatório a este Património, mais a mais se atentarmos a que estamos perante um Monumento Nacional, um imóvel de excepção no centro da capital, um imóvel que é propriedade do Estado e que está afecto a uma instituição ligada à História de Portugal.
Fazemos votos para que já esteja a ser planeada uma intervenção de reabilitação das caixilharias, respeitando as suas características originais, incluindo as cores e tipo de tinta de óleo, seguindo as boas práticas internacionais de intervenção em imóveis património.
Finalmente, gostaríamos de saber quais os resultados práticos até ao momento, do protocolo assinado em 2021 com a CML, com vista à recuperação integral do Palácio, com investimento previsto de 1,5 milhões de euros (anunciado com pompa: https://www.dn.pt/cultura/lisboa-palacio-da-independencia-vai-ter-obras-e-abrir-ao-publico-13807349.html ), uma vez que os rebocos das fachadas estão já em destacamento.
Com os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Fernando Jorge, Miguel de Sepúlveda Velloso, Rui Pedro Martins, Teresa Silva Carvalho, Carlos Boavida, Gonçalo Cornélio da Silva, António Araújo, Helena Espvall, Pedro Jordão, Filipe Teixeira, Jorge Pinto, Gustavo da Cunha, Maria do Rosário Reiche, Fátima Castanheira

Resposta de: José Ribeiro e Castro
Date: quinta, 9/03/2023 à(s) 00:36

Exmos. Senhores,

Muito agradeço o protesto que nos enviaram. É muito justa e devida a expressão deste protesto. O Palácio, onde funcionamos, tem-se degradado década após década, por falta de uma intervenção geral de reabilitação do edifício e também falta de meios para assegurar a sua manutenção anual.
É sabido como, infelizmente, o Estado português não vela suficientemente pela conservação do património histórico. Ainda neste Inverno tivemos a triste notícia de duas derrocadas significativas na muralha da Fortaleza abaluartada de Valença. No nosso caso, o Estado cedeu para nosso funcionamento o uso do Palácio da Independência (onde fomos fundados em 1861), mas tem reduzido a quase nada os meios para provermos à sua manutenção. Desde 2011, em termos de dotação orçamental, o Governo atribui-nos, através do Ministério da Defesa Nacional, a verba de 5000,00 euros por ano, ou seja, o equivalente a cerca de meio salário mínimo por mês. Também não conseguimos ainda, por exemplo, que o ministro da Cultura encontre na agenda um espaço de tempo para nos receber. Não somos relevantes para o Governo.
Depois de muitas insistências e lamentos dos meus antecessores, a Câmara Municipal de Lisboa comoveu-se (não o Estado, que continua distante e indiferente) e avançou para um projecto de reabilitação do Palácio. A fase de projecto foi cumprida em 2019 e 2020 e, já na minha direcção, avançou-se, em 2021, para a celebração com a CML e a DGPC dos Protocolos relativo ao concurso e à empreitada, bem como respectivo acompanhamento.
Depois de tudo aprovado nas instâncias municipais, tivemos, porém, que encarar a questão do encarecimento geral dos custos no mercado, como efeito da pandemia e de outros factores que fizeram subir em cerca de 30% o custo estimado de materiais e da construção. Essa reavaliação orçamental do projecto foi feita no primeiro semestre de 2022 e as conclusões comunicadas à CML. Aparentemente “não há problema”, mas, na prática, não estão ainda reunidas as condições jurídico-administrativas para lançarmos o concurso público. Insistimos, informamos, apelamos, mas ainda não pudemos sair do impasse em que estamos. É muito difícil cumprir a lei em Portugal.
Todas as nossas esperanças estão concentradas neste projecto, cuja execução permitirá a recuperação do Palácio e a sua abertura ao público, nomeadamente quanto a um museu da Restauração e ao jardim. É um projecto sem luxos, mas que valorizará muito o edifício e a sua utilidade pública, tudo com respeito escrupuloso das características do Palácio e dos seus materiais.

Continuamos a esforçar-nos todas as semanas para sair do impasse e podermos avançar para o concurso público, a que se seguirá a empreitada. E as dificuldades em que nos sentimos patinhar nos últimos meses, desde Setembro de 2022, não diminuem os nossos sentimentos de gratidão pelo já feito pela CML e de esperança por que, em breve, o processo volte a andar e venha a ser cumprido. Será um grande melhoramento na Baixa e para a cidade. Um feito importante também para o país, atendendo aos valores fundamentais de Portugal que o Palácio corporiza. 

Mas, até lá, a verdade é a de que o edifício está em risco permanente, para o qual temos alertado as autoridades competentes. Que ninguém tenha a menor ilusão a este respeito: a cada ano que passa, o edifício avança pelo declive da decadência e entra no estado de perigo. Neste Inverno, por exemplo, nos dias de maiores chuvadas, choveu abundantemente em certas secções do Palácio. Num desses dias, decorria uma sessão pública no Salão Nobre, enquanto a água escorria pelas paredes, nalguns troços. Solicitámos vistorias, de que resultou a determinação de cortarmos a circulação interior numa secção do primeiro andar do Palácio, por risco do respectivo tecto.
Os nossos sentimentos quanto ao Palácio, que é a nossa sede, dividem-se: por um lado, a enorme honra de aqui estarmos, no edifício onde nascemos e onde se preparou e saiu a revolução restauradora do 1.º de Dezembro de 1640; por outro lado, a vergonha de assistir todos os dias ao estado em que o Palácio se encontra. Só por sorte, não nos aconteceu neste Inverno o sucedido na Fortaleza de Valença.
Concordamos inteiramente, por isso, com o protesto do Fórum CidadaniaLx, a quem agradecemos, quer enquanto utentes, quer como cidadãos. Não há direito que, em Portugal, o património histórico não receba as dotações adequadas à sua conservação e manutenção permanentes e, a espaços, o investimento necessário para intervenções gerais de reabilitação e melhoramento que se imponham.
Faremos chegar também o nosso testemunho às entidades a que se dirigiram, fazendo-o em total sintonia convosco.
Com os melhores cumprimentos,

José Ribeiro e CastroPresidente da Direcção | SHIP