O quarteirão pombalino do Largo de São Paulo
Exma. Sra. Vereadora Joana Almeida
CC. PCML, AML, Arq. Pedro Reis e Andreas Mörschel, Laceinvest e media
Serve o presente para transmitirmos a V. Exa., o nosso regozijo pela aprovação pela CML do novo projecto de alterações (proc. nº 941/EDI/2018) para o quarteirão pombalino do Largo de São Paulo, da autoria dos arquitectos Andreas Mörschel e Pedro Reis, e promovido pelo fundo Sete Colinas/Laceinvest, a quem damos conhecimento do mesmo.
Com efeito, e ao contrário do anterior projecto do arq. Torres de Carvalho, este novo projecto de hotel não promove destruição patrimonial nem alterações radicais em termos da compartimentação dos andares, fachadas e cobertura deste bloco histórico, muito menos configura desconformidades regulamentares susceptíveis de preocupação e reacção.
É indiscutivelmente um muito melhor projecto do que aquele que nos fez protestar junto da CML por várias vezes.
A cidade só tem a ganhar com mudanças para melhor, como no caso presente e nos casos do quarteirão Sottomayor na Av. Fontes Pereira de Melo e do quarteirão da Suíça, por exemplo. Fazemos votos para que mudanças para melhor sejam também anunciadas para os edifícios do Patriarcado, os quarteirões do Corpus Christi e da Portugália, o antigo Hospital Bombarda, por exemplo. Infelizmente, o mesmo já não é possível para o antigo Convento de Santa Joana e o Hospital da Marinha onde a destruição é irreversível.
E a cidade e a CML só têm a ganhar com a afixação no local, como no caso presente, de informação escrita e desenhada sobre os projectos arquitectónicos que vão sendo analisados e aprovados pela CML para edifícios classificados, em zonas classificadas ou em zonas de protecção de edifícios classificados, e em edifícios e locais da Carta Municipal do Património.
Contudo, permita-nos chamar a atenção para alguns detalhes que, a nosso ver, é muito importante sejam garantidos neste projecto do Largo de São Paulo:
1. Há que estar atento às curvaturas dos telhados mardelianos, com especial cuidado na escolha do tipo de telhas e respectivos remates.
2. Ao desenho pombalino das caixilharias em madeira e fazer um esforço de modo a manter as elegantes proporções e a pormenorização de carpintarias.
3. E ao desenho das águas furtadas pombalinas com suas elegantes pilastras e cornijas de madeira pintada que, sistematicamente, são simplificadas (quando não substituídas por estruturas em betão ou ferro) por um desenho mais pobre o que resulta numa séria perda de autenticidade do conjunto da cobertura.
Garantidos estes detalhes, estamos perante um projecto que, independentemente da mudança de uso para hotel numa zona saturada de hotelaria, só poderá ser motivo do nosso aplauso.
Com os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Fernando Jorge, Miguel de Sepúlveda Velloso, Nuno Caiado, Maria Ramalho, Maria Teresa Goulão, Madalena Martins, Tiago Sousa Mendes, Jorge Pinto, José Amador, Helena Espvall, Filipe de Portugal, Gustavo da Cunha, Carlos Boavida, Pedro Jordão, Beatriz Empis, Miguel Atanásio Carvalho, Filipe Teixeira, Maria do Rosário Reiche