Baixa

Protesto pelo estado do Palácio da Independência (MN) 1024 795 Paulo Ferrero

Protesto pelo estado do Palácio da Independência (MN)

À Direcção da Sociedade Histórica da Independência de Portugal
C.C. DGTF, DGPC, CML e Agência Lusa
Exmos. Senhores
Vimos pelo presente apresentar o nosso protesto pelo estado lastimável a que estão votadas as belíssimas caixilharias do Palácio dos Condes de Almada, vulgo Palácio da Independência e sede dessa Sociedade. 
Custa-nos assistir à degradação paulatina das caixilharias em madeira desenhadas por Raul Lino para esse palácio, as quais estão a precisar urgentemente de manutenção! Inclusive, há vidros partidos e plástico a tapá-los, conforme as fotos em anexo.
Esperemos que não esteja a ser preparada a sua substituição por PVC, o que seria ainda mais atentatório a este Património, mais a mais se atentarmos a que estamos perante um Monumento Nacional, um imóvel de excepção no centro da capital, um imóvel que é propriedade do Estado e que está afecto a uma instituição ligada à História de Portugal.
Fazemos votos para que já esteja a ser planeada uma intervenção de reabilitação das caixilharias, respeitando as suas características originais, incluindo as cores e tipo de tinta de óleo, seguindo as boas práticas internacionais de intervenção em imóveis património.
Finalmente, gostaríamos de saber quais os resultados práticos até ao momento, do protocolo assinado em 2021 com a CML, com vista à recuperação integral do Palácio, com investimento previsto de 1,5 milhões de euros (anunciado com pompa: https://www.dn.pt/cultura/lisboa-palacio-da-independencia-vai-ter-obras-e-abrir-ao-publico-13807349.html ), uma vez que os rebocos das fachadas estão já em destacamento.
Com os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Fernando Jorge, Miguel de Sepúlveda Velloso, Rui Pedro Martins, Teresa Silva Carvalho, Carlos Boavida, Gonçalo Cornélio da Silva, António Araújo, Helena Espvall, Pedro Jordão, Filipe Teixeira, Jorge Pinto, Gustavo da Cunha, Maria do Rosário Reiche, Fátima Castanheira

Resposta de: José Ribeiro e Castro
Date: quinta, 9/03/2023 à(s) 00:36

Exmos. Senhores,

Muito agradeço o protesto que nos enviaram. É muito justa e devida a expressão deste protesto. O Palácio, onde funcionamos, tem-se degradado década após década, por falta de uma intervenção geral de reabilitação do edifício e também falta de meios para assegurar a sua manutenção anual.
É sabido como, infelizmente, o Estado português não vela suficientemente pela conservação do património histórico. Ainda neste Inverno tivemos a triste notícia de duas derrocadas significativas na muralha da Fortaleza abaluartada de Valença. No nosso caso, o Estado cedeu para nosso funcionamento o uso do Palácio da Independência (onde fomos fundados em 1861), mas tem reduzido a quase nada os meios para provermos à sua manutenção. Desde 2011, em termos de dotação orçamental, o Governo atribui-nos, através do Ministério da Defesa Nacional, a verba de 5000,00 euros por ano, ou seja, o equivalente a cerca de meio salário mínimo por mês. Também não conseguimos ainda, por exemplo, que o ministro da Cultura encontre na agenda um espaço de tempo para nos receber. Não somos relevantes para o Governo.
Depois de muitas insistências e lamentos dos meus antecessores, a Câmara Municipal de Lisboa comoveu-se (não o Estado, que continua distante e indiferente) e avançou para um projecto de reabilitação do Palácio. A fase de projecto foi cumprida em 2019 e 2020 e, já na minha direcção, avançou-se, em 2021, para a celebração com a CML e a DGPC dos Protocolos relativo ao concurso e à empreitada, bem como respectivo acompanhamento.
Depois de tudo aprovado nas instâncias municipais, tivemos, porém, que encarar a questão do encarecimento geral dos custos no mercado, como efeito da pandemia e de outros factores que fizeram subir em cerca de 30% o custo estimado de materiais e da construção. Essa reavaliação orçamental do projecto foi feita no primeiro semestre de 2022 e as conclusões comunicadas à CML. Aparentemente “não há problema”, mas, na prática, não estão ainda reunidas as condições jurídico-administrativas para lançarmos o concurso público. Insistimos, informamos, apelamos, mas ainda não pudemos sair do impasse em que estamos. É muito difícil cumprir a lei em Portugal.
Todas as nossas esperanças estão concentradas neste projecto, cuja execução permitirá a recuperação do Palácio e a sua abertura ao público, nomeadamente quanto a um museu da Restauração e ao jardim. É um projecto sem luxos, mas que valorizará muito o edifício e a sua utilidade pública, tudo com respeito escrupuloso das características do Palácio e dos seus materiais.

Continuamos a esforçar-nos todas as semanas para sair do impasse e podermos avançar para o concurso público, a que se seguirá a empreitada. E as dificuldades em que nos sentimos patinhar nos últimos meses, desde Setembro de 2022, não diminuem os nossos sentimentos de gratidão pelo já feito pela CML e de esperança por que, em breve, o processo volte a andar e venha a ser cumprido. Será um grande melhoramento na Baixa e para a cidade. Um feito importante também para o país, atendendo aos valores fundamentais de Portugal que o Palácio corporiza. 

Mas, até lá, a verdade é a de que o edifício está em risco permanente, para o qual temos alertado as autoridades competentes. Que ninguém tenha a menor ilusão a este respeito: a cada ano que passa, o edifício avança pelo declive da decadência e entra no estado de perigo. Neste Inverno, por exemplo, nos dias de maiores chuvadas, choveu abundantemente em certas secções do Palácio. Num desses dias, decorria uma sessão pública no Salão Nobre, enquanto a água escorria pelas paredes, nalguns troços. Solicitámos vistorias, de que resultou a determinação de cortarmos a circulação interior numa secção do primeiro andar do Palácio, por risco do respectivo tecto.
Os nossos sentimentos quanto ao Palácio, que é a nossa sede, dividem-se: por um lado, a enorme honra de aqui estarmos, no edifício onde nascemos e onde se preparou e saiu a revolução restauradora do 1.º de Dezembro de 1640; por outro lado, a vergonha de assistir todos os dias ao estado em que o Palácio se encontra. Só por sorte, não nos aconteceu neste Inverno o sucedido na Fortaleza de Valença.
Concordamos inteiramente, por isso, com o protesto do Fórum CidadaniaLx, a quem agradecemos, quer enquanto utentes, quer como cidadãos. Não há direito que, em Portugal, o património histórico não receba as dotações adequadas à sua conservação e manutenção permanentes e, a espaços, o investimento necessário para intervenções gerais de reabilitação e melhoramento que se imponham.
Faremos chegar também o nosso testemunho às entidades a que se dirigiram, fazendo-o em total sintonia convosco.
Com os melhores cumprimentos,

José Ribeiro e CastroPresidente da Direcção | SHIP

O quarteirão pombalino do Largo de São Paulo 1024 924 Paulo Ferrero

O quarteirão pombalino do Largo de São Paulo

Exma. Sra. Vereadora Joana Almeida

 

CC. PCML, AML, Arq. Pedro Reis e Andreas Mörschel, Laceinvest e media

 

Serve o presente para transmitirmos a V. Exa., o nosso regozijo pela aprovação pela CML do novo projecto de alterações (proc. nº 941/EDI/2018) para o quarteirão pombalino do Largo de São Paulo, da autoria dos arquitectos Andreas Mörschel e Pedro Reis, e promovido pelo fundo Sete Colinas/Laceinvest, a quem damos conhecimento do mesmo.

 Com efeito, e ao contrário do anterior projecto do arq. Torres de Carvalho, este novo projecto de hotel não promove destruição patrimonial nem alterações radicais em termos da compartimentação dos andares, fachadas e cobertura deste bloco histórico, muito menos configura desconformidades regulamentares susceptíveis de preocupação e reacção.

É indiscutivelmente um muito melhor projecto do que aquele que nos fez protestar junto da CML por várias vezes.

 

A cidade só tem a ganhar com mudanças para melhor, como no caso presente e nos casos do quarteirão Sottomayor na Av. Fontes Pereira de Melo e do quarteirão da Suíça, por exemplo. Fazemos votos para que mudanças para melhor sejam também anunciadas para os edifícios do Patriarcado, os quarteirões do Corpus Christi e da Portugália, o antigo Hospital Bombarda, por exemplo. Infelizmente, o mesmo já não é possível para o antigo Convento de Santa Joana e o Hospital da Marinha onde a destruição é irreversível.

E a cidade e a CML só têm a ganhar com a afixação no local, como no caso presente, de informação escrita e desenhada sobre os projectos arquitectónicos que vão sendo analisados e aprovados pela CML para edifícios classificados, em zonas classificadas ou em zonas de protecção de edifícios classificados, e em edifícios e locais da Carta Municipal do Património.

Contudo, permita-nos chamar a atenção para alguns detalhes que, a nosso ver, é muito importante sejam garantidos neste projecto do Largo de São Paulo:

1. Há que estar atento às curvaturas dos telhados mardelianos, com especial cuidado na escolha do tipo de telhas e respectivos remates.

2. Ao desenho pombalino das caixilharias em madeira e fazer um esforço de modo a manter as elegantes proporções e a pormenorização de carpintarias.

3. E ao desenho das águas furtadas pombalinas com suas elegantes pilastras e cornijas de madeira pintada que, sistematicamente, são simplificadas (quando não substituídas por estruturas em betão ou ferro) por um desenho mais pobre o que resulta numa séria perda de autenticidade do conjunto da cobertura.

Garantidos estes detalhes, estamos perante um projecto que, independentemente da mudança de uso para hotel numa zona saturada de hotelaria, só poderá ser motivo do nosso aplauso.

Com os melhores cumprimentos

 

Paulo Ferrero, Fernando Jorge, Miguel de Sepúlveda Velloso, Nuno Caiado, Maria Ramalho, Maria Teresa Goulão, Madalena Martins, Tiago Sousa Mendes, Jorge Pinto, José Amador, Helena Espvall, Filipe de Portugal, Gustavo da Cunha, Carlos Boavida, Pedro Jordão, Beatriz Empis, Miguel Atanásio Carvalho, Filipe Teixeira, Maria do Rosário Reiche

O E-24 continua a não ir ao Sodré – Apêlo ao PCML 750 852 Paulo Ferrero

O E-24 continua a não ir ao Sodré – Apêlo ao PCML

Exmo. Sr. Presidente da CML
Eng. Carlos Moedas

CC.AML, Carris, Vereador da Mobilidade e agência LUSA

Em plena Semana Europeia da Mobilidade de 2022, e decorridos mais de 4 anos (!) sobre a reabertura da linha do eléctrico 24, que viríamos a saudar efusivamente, porque vínhamos a lutar por ela há cerca de 12 anos;

Solicitamos a V. Exa., senhor Presidente, que nos esclareça sobre quais os motivos que levam a que o E-24 continue a não fazer o que era suposto estar a fazer: ir ao Cais do Sodré.

Em 2018, aquando da reabertura parcial da carreira, do Camões a Campolide, foi prometido pela CML e Carris que o eléctrico voltaria a circular em toda a extensão da linha, logo que resolvidos “problemas técnicos”.

Não se compreende nem se aceita que, decorrido todo este tempo, tudo se mantenha na mesma nem seja dado qualquer prazo para que o E-24 possa voltar a ser um meio de transporte utilitário em toda sua plenitude, unindo a cidade alta à frente-rio. Tal como está é essencialmente um eléctrico turístico, pelo que não podemos deixar de pensar que não seja essa a justificação da Carris: mantê-lo unicamente como fonte de receita turística.

Fazemos votos para que ainda durante 2022 seja possível completar o troço Camões-Sodré, bem como reabrir a extensão ao Carmo, pelo que daqui apelamos a V. Exa. para que interceda nesse sentido junto da Carris.

Igualmente, não podemos deixar passar esta oportunidade para solicitar à CML um ponto de situação sobre o anunciado processo de aquisição de novos eléctricos e respectivo prazo de implementação das linhas previstas.

Na expectativa, apresentamos os melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, Nuno Caiado, Miguel de Sepúlveda Velloso, Helena Espvall, Inês Beleza Barreiros, Carlos F. Moura, Rui Pedro Martins, Fátima Castanheira, Beatriz Empis, Maria do Rosário Reiche, Ana Celeste Glória, Gustavo da Cunha, Jorge Pinto, Carlos Boavida, Irene Santos

Estado deplorável da parede falsa do Largo de São Domingos – apêlo ao PCML 1024 965 Paulo Ferrero

Estado deplorável da parede falsa do Largo de São Domingos – apêlo ao PCML

Exmo. Sr. Presidente da CML
Eng. Carlos Moedas

CC. AML, JF e media

Serve o presente para darmos conta a V. Exa. do estado deplorável em que se encontra a parede falsa que cobre o muro original do troço do Largo de São Domingos/ Rua Barros Queirós, de cujas imagens tiradas ontem, dia 14, são a melhor prova.

Caso não seja do conhecimento de V.Exa., esta parede falsa foi colocada naquele muro por ocasião da instalação de um memorial evocativo dos 500 anos do massacre de judeus, ocorrido naquele largo em 1506. A parede fazia parte de um conjunto de instalações, todas vandalizadas e em que, inclusive, a oliveira, para ali transplantada na ocasião, foi selvaticamente podada há poucos meses.

Cremos que o estado desta parede falsa é indigno da cidade e envergonha-nos a todos, mais a mais localizando-se num ponto de extrema atracção turística.

Solicitamos a melhor atenção do Presidente da CML para esta situação, de modo a que os serviços competentes façam o que já devia ter sido feito, isto é, remover a totalidade da estrutura metálica temporária e os resíduos dos painéis de plástico que a cobriam, recuperando o muro municipal original com todos os seus elementos em cantaria de lioz e respectivos gradeamentos em ferro pintado.

Na expectativa, apresentamos os melhores cumprimentos.

Paulo Ferrero, Miguel de Sepúlveda Velloso, Fernando Jorge, Maria Teresa Goulão, Irene Santos, Fátima Castanheira, Filipe Portugal, Beatriz Empis, Gustavo da Cunha, Jorge Pinto, Carlos Boavida, Nuno Caiado,

 

Fotos de Fernando Jorge