Mãe d’Água das Amoreiras – protesto à EPAL pela ocupação indigna do exterior e interior (21.08.2024)

Exma. Sra. Directora do Museu da Água
Dra. Mariana Castro Henriques
C.C. Ministra da Cultura, Património Cultural-IP, UNESCO e Lusa 
Como é do conhecimento de V. Exa., a empresa OCUBO ocupa desde 2019 o exterior e o interior do reservatório da Mãe d’Água das Amoreiras, equipamento central do complexo monumental do Aqueduto das Águas-Livres, conjunto Monumento Nacional e que consta, recordamos, da lista indicativa da UNESCO desde 2017.
Questionamo-nos como é possível uma ocupação daquele Monumento como a que é feita pela empresa citada?
Mais espantados ficamos quando nos referem que a ocupação é para continuar, sem fim à vista…
Como é possível que um programa ocupacional como o presente tenha sido aprovado para este local pela EPAL/Museu da Água e pela então DGPC, quando o dito programa não dignifica o complexo da Mãe d’Água e, pior, quando os danos são evidentes no interior e no exterior.
Como as fotografias desta semana descrevem, se o exterior da Mãe d’Água é um amontoado de barracas, o jardin parterre ali existente foi dizimado, as maltratadas Cycas estão sob ameaça e o muro e gradeamento estão como estão, já o interior da Mãe d’Água é um caos de parafernália técnica, com projectores e acessórios vários em todos os recantos do recinto, impossibilitando a leitura do monumento barroco, a iluminação natural, o usufruto das conversadeiras, enfim, numa existência de indignidade que aquele Monumento não merece, nem Carlos Mardel ou Reynaldo dos Santos.
Acresce que o monumento carece de obras de manutenção, pois as coberturas e as caixilharias dos vãos denunciam uma gritante falta de manutenção: cantarias com fissuras (algumas delas pondo em risco a segurança dos visitantes assim como dos peões que circulam nos arruamentos em volta do monumento), colonização biológica extensiva na cobertura em terraço, incluindo canaletos e gárgulas bloqueados, guardas de ferro com oxidações avançadas, caixilharias de madeira em vãos em mau estado, etc.
Em que fica a “sacralidade do espaço” que a própria EPAL, e bem, reclama para o “seu” Monumento?
Apelamos a V. Exa. para que a EPAL extinga liminarmente a concessão do Reservatório da Mãe d’Água das Amoreiras à empresa OCUBO, e que esta seja obrigada a custear a recuperação dos espaços exteriores do mesmo.
Quanto aos interiores, apelamos a que a EPAL recorra aos serviços do Património Cultural, IP, para que sejam avaliados os eventuais danos no interior do edifício, e obrigue a empresa a custear o seu restauro, se for caso disso.
E seja ponderada a retirada do palco do centro do tanque, situação que perdura há décadas, impossibilitando a vista de todo o reservatório.
Na expectativa, apresentamos os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Nuno Caiado, Rui Pedro Barbosa, Gustavo da Cunha, Rui Martins, Jorge Pinto, Pedro Formozinho Sanchez
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