À Direcção da Largo Residências
C.C. JF Arroios, ESTAMO, CML e media
Exma. Senhora Marta Silva
Em primeiro lugar, apresentamos os nossos cumprimentos pela vossa ida para o complexo do antigo Hospital Miguel Bombarda, cujo edificado, espaço público, arvoredo, património móvel e de memória é uma das nossas causas fundadoras, como será do vosso conhecimento.
Pelo que a anunciada (https://mag.sapo.pt/showbiz/artigos/cooperativa-largo-residencias-instala-se-no-antigo-hospital-miguel-bombarda-em-lisboa) instalação da Largo naquele local é muito bem-vinda, na certeza de que contribuirá para que as ameaças que pairam sobre ele não se concretizem, pelo menos no curto e médio-prazo.
Aproveitamos para pedir que nos esclareçam quanto ao seguinte:
Quais as medidas de segurança já asseguradas – por vós ou pela Estamo – de modo a que esteja vedado o acesso de estranhos ao local, fora do âmbito das vossas actividades?
Isto porque no perímetro do antigo hospital existem muitos imóveis, em que facilmente se podem praticar furtos e actos de vandalismo, expondo-os ainda ao perigo de incêndio, basta alguém querer fazê-lo.
Falamos de edifícios classificados de Interesse Público (edifício principal, balneário D. Maria II e pavilhão de segurança (“Panóptico”), mas também de outros, que não sendo classificados são igualmente de grande importância (a enfermaria em “poste telefónico”, a antiga cozinha e a morgue) em termos patrimoniais e não só.
E porque não nos parece suficiente a vigilância que é assegurada neste momento pela Estamo (basicamente um vigilante no portão principal). Os edifícios classificados (e a própria morgue) contêm muito património móvel de grande valia, cuja salvaguarda importa assegurar. Por isso a nossa pergunta: está previsto o reforço das medidas de segurança? Quais, e sob a responsabilidade de quem?
Por outro lado, sugerimos que se refiram ao “barracão” por aquilo que ele é (era), um telheiro para passeio dos doentes, projectado pelo arq. José Nepumoceno e que, ingloriamente, na segunda metade do século passado, alguém mandou vedar e transformar num “barracão”. Seria até uma mais-valia para a cidade que a Largo o fizesse voltar às origens, conforme consta na foto em anexo.
Por último, e sem querer tomar mais do vosso tempo, gostaríamos de saber os pormenores do protocolo em boa hora celebrado entre a Largo e a Estamo, uma vez que o mesmo não foi divulgado ao público, facto que não compreendemos.
Muito obrigado.
Melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Maria Ramalho, Luís Carvalho e Rêgo, João Mineiro, Fátima Castanheira, Eurico de Barros, Manuela Correia, Maria do Rosário Reiche, Jorge Pinto, Irene Santos
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Resposta da Largo Residências (13.05.2024)
Caros Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Maria Ramalho, Luís Carvalho e Rêgo, João Mineiro, Fátima Castanheira, Eurico de Barros, Manuela Correia, Maria do Rosário Reiche, Jorge Pinto, Irene Santos
Lamento só responder agora, contudo não recebemos qualquer contacto directo e só mesmo no dia de ontem (10 de maio) me deparei com esta publicação no vossa site do qual sou regular seguidora, e que muito congratulo o trabalho e cuidado com a nossa cidade e o seu património.
Face às questões levantadas deixo aqui já alguns esclarecimentos:
Segurança: Desde o início da obra, foram de imediato instaladas sistema de alarme e câmaras de vigilância para garantir o uso correcto e não intrusivo do espaço pela segurança de todas as partes, situação que ficou logo expressa e acordada entre nós e a estamo, nunca acedendo a toda a zona de edifícios classificados e mesmo os que não o são e estão fora do nosso perímetro. A partir do momento que as equipas de trabalho residentes começaram a ocupar as zonas a elas afectas, o espaço já se encontra vedado por cercas semelhantes às que estão dispostas em todo o muro do bombarda, cercas de 2 metros de altura, e dois portões, que permitem o acesso em caso de emergência, evacuação e segurança, acessibilidade reduzida, bem como para cargas e descargas pontuais devidamente autorizada e acompanhada pela vigilância / segurança da Estamo.
Relativamente à formalização não é um protocolo, mas sim um Acordo para a utilização temporária, a título oneroso, de parte de prédio. Tem a duração de um ano, com possibilidade de renovação, e cujo termo poderá acontecer com aviso prévio de 90 dias, quando o projecto futuro venha a ser desenvolvido.
É também por esta clara noção da sua temporalidade que as instalações que estamos a criar são autoportantes e modulares, não tendo qualquer fundação no espaço, e podendo ser retiradas para deixar o espaço como estava. Mas claro, deixaremos em melhor estado e cuidado, face ao que encontramos.
Gostaríamos muito de vos convidar a visitar e visualizar os trabalhos em processo, antes de abrimos ao público, cuja previsão é a segunda quinzena de junho.
É para nós fundamental a parceria e diálogo com as forças vivas, que cuidam e cuidarão do passado, presente e futuro de um património tão importante.
A nossa intenção é a de um grande respeito pelo espaço, pela sua memória, pela sua preservação, alertando para o perigo que tem deixar património público devoluto tantos anos. Assim o fizemos no antigo Quartel da GNR no Largo do Cabeço de Bola / Santa Bárbara protegendo o património dos intrusos que lá encontramos, e cuidando dele com um uso democrático e acessível a todos(as) até à fase de entrada em obra por parte do governo. E neste sentido queremos acreditar que poderemos contribuir para uma maior segurança e cuidado da zona que ocupamos, e que irá inevitavelmente inibir intrusões nas zonas circundantes, e mesmo o cuidado que aqueles Jardins não tinham há tanto tempo e que agora pode servir de ponto de encontro entre vizinhos(as) da mesma rua.
Relativamente ao telheiro, não lhe iremos dar a configuração original, pois não podemos intervir e alterar o edificado. O uso será igual ao último uso que o espaço teve, a quando a ocupação pela companhia de Teatro Praga, enquanto sala de ensaios e espectáculos, sendo a nossa intervenção interna mais uma vez autoportante e modular.
O nome que agora apelidamos ao espaço é um tributo ao bailarino que passou a maior parte da sua vida aprisionado no antigo Hospital Miguel Bombarda: Sala-Estúdio Valentim de Barros.
Já reunimos com a equipa do hospital que está a fazer o trabalho de inventariação do panóptico, Dr. Pedro e colegas, com a Associação de Arte Terapia que lá trabalhou 40 anos, e que irá também promover algumas actividades em parceria.
Reforço o convite para virem ao espaço, não só para nos conhecermos melhor, mas também porque gostaríamos muito de contar com a vossa participação no desenho de um ciclo de conversas sobre o passado, presente e futuro do Miguel Bombarda, logo no nosso programa inaugural, previsto para o fim de semana 15 e 16 de Junho.
Deixo o meu contacto telefónico () e estou ao dispor para qualquer esclarecimento adicional.
A Direcção
Marta Silva
e
Peço desculpa por não ter dado conta do email, que sendo o geral recebe mesmo muitas comunicações, acrescendo ao facto de o nosso site ter sido vítima de phishing e afectou muitas comunicações do domínio.
Aproveitemos então agora este contacto e fico a aguardar a vossa proposta de data.
Com os melhores cumprimentos
Marta Silva
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