Instalação da Largo – Residências no recinto do Hospital Miguel Bombarda – aplauso e pedido de esclarecimento à Largo

Instalação da Largo - Residências no recinto do Hospital Miguel Bombarda - aplauso e pedido de esclarecimento à Largo (04.03.2024)
À Direcção da Largo Residências
C.C. JF Arroios, ESTAMO, CML e media

 

Exma. Senhora Marta Silva
Em primeiro lugar, apresentamos os nossos cumprimentos pela vossa ida para o complexo do antigo Hospital Miguel Bombarda, cujo edificado, espaço público, arvoredo, património móvel e de memória é uma das nossas causas fundadoras, como será do vosso conhecimento.
Pelo que a anunciada (https://mag.sapo.pt/showbiz/artigos/cooperativa-largo-residencias-instala-se-no-antigo-hospital-miguel-bombarda-em-lisboa) instalação da Largo naquele local é muito bem-vinda, na certeza de que contribuirá para que as ameaças que pairam sobre ele não se concretizem, pelo menos no curto e médio-prazo.
Aproveitamos para pedir que nos esclareçam quanto ao seguinte:
Quais as medidas de segurança já asseguradas – por vós ou pela Estamo – de modo a que esteja vedado o acesso de estranhos ao local, fora do âmbito das vossas actividades?
Isto porque no perímetro do antigo hospital existem muitos imóveis, em que facilmente se podem praticar furtos e actos de vandalismo, expondo-os ainda ao perigo de incêndio, basta alguém querer fazê-lo.
Falamos de edifícios classificados de Interesse Público (edifício principal, balneário D. Maria II e pavilhão de segurança (“Panóptico”), mas também de outros, que não sendo classificados são igualmente de grande importância (a enfermaria em “poste telefónico”, a antiga cozinha e a morgue) em termos patrimoniais e não só.
E porque não nos parece suficiente a vigilância que é assegurada neste momento pela Estamo (basicamente um vigilante no portão principal). Os edifícios classificados (e a própria morgue) contêm muito património móvel de grande valia, cuja salvaguarda importa assegurar. Por isso a nossa pergunta: está previsto o reforço das medidas de segurança? Quais, e sob a responsabilidade de quem?
Por outro lado, sugerimos que se refiram ao “barracão” por aquilo que ele é (era), um telheiro para passeio dos doentes, projectado pelo arq. José Nepumoceno e que, ingloriamente, na segunda metade do século passado, alguém mandou vedar e transformar num “barracão”. Seria até uma mais-valia para a cidade que a Largo o fizesse voltar às origens, conforme consta na foto em anexo.
Por último, e sem querer tomar mais do vosso tempo, gostaríamos de saber os pormenores do protocolo em boa hora celebrado entre a Largo e a Estamo, uma vez que o mesmo não foi divulgado ao público, facto que não compreendemos.
Muito obrigado.
Melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Maria Ramalho, Luís Carvalho e Rêgo, João Mineiro, Fátima Castanheira, Eurico de Barros, Manuela Correia, Maria do Rosário Reiche, Jorge Pinto, Irene Santos

Resposta da Largo Residências (13.05.2024)
Caros Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Maria Ramalho, Luís Carvalho e Rêgo, João Mineiro, Fátima Castanheira, Eurico de Barros, Manuela Correia, Maria do Rosário Reiche, Jorge Pinto, Irene Santos
Lamento só responder agora, contudo não recebemos qualquer contacto directo e só mesmo no dia de ontem  (10 de maio) me deparei com esta publicação no vossa site do qual sou regular seguidora, e que muito congratulo o trabalho e cuidado com a nossa cidade e o seu património.
Face às questões levantadas deixo aqui já alguns esclarecimentos:
Segurança:  Desde o início da obra, foram de imediato instaladas sistema de alarme e câmaras de vigilância para garantir o uso correcto e não intrusivo do espaço pela segurança de todas as partes, situação que ficou logo expressa e acordada entre nós e a estamo, nunca acedendo a toda a zona de edifícios classificados e mesmo os que não o são e estão fora do nosso perímetro. A partir do momento que as equipas de trabalho residentes começaram a ocupar as zonas a elas afectas, o espaço já se encontra vedado por cercas semelhantes às que estão dispostas em todo o muro do bombarda, cercas de 2 metros de altura, e dois portões, que permitem o acesso em caso de emergência, evacuação e segurança, acessibilidade reduzida, bem como para cargas e descargas pontuais devidamente autorizada e acompanhada pela vigilância / segurança da Estamo.
Relativamente à formalização não é um protocolo, mas sim um Acordo para a utilização temporária, a título oneroso, de parte de prédio. Tem a duração de um ano, com possibilidade de renovação, e cujo termo poderá acontecer com aviso prévio de 90 dias, quando o projecto futuro venha a ser desenvolvido.
É também por esta clara noção da sua temporalidade que as instalações que estamos a criar são autoportantes e modulares, não tendo qualquer fundação no espaço, e podendo ser retiradas para deixar o espaço como estava. Mas claro, deixaremos em melhor estado e cuidado, face ao que encontramos.
Gostaríamos muito de vos convidar a visitar e visualizar os trabalhos em processo, antes de abrimos ao público, cuja previsão é a segunda quinzena de junho.
É para nós fundamental a parceria e diálogo com as forças vivas, que cuidam e cuidarão do passado, presente e futuro de um património tão importante.
A nossa intenção é a de um grande respeito pelo espaço, pela sua memória, pela sua preservação, alertando para o perigo que tem deixar património público devoluto tantos anos. Assim o fizemos no antigo Quartel da GNR no Largo do Cabeço de Bola / Santa Bárbara protegendo o património dos intrusos que lá encontramos, e cuidando dele com um uso democrático e acessível a todos(as) até à fase de entrada em obra por parte do governo. E neste sentido queremos acreditar que poderemos contribuir para uma maior segurança e cuidado da zona que ocupamos, e que irá inevitavelmente inibir intrusões nas zonas circundantes, e mesmo o cuidado que aqueles Jardins não tinham há tanto tempo e que agora pode servir de ponto de encontro entre vizinhos(as) da mesma rua.
Relativamente ao telheiro, não lhe iremos dar a configuração original, pois não podemos intervir e alterar o edificado. O uso será igual ao último uso que o espaço teve, a quando a ocupação pela companhia de Teatro Praga, enquanto sala de ensaios e espectáculos, sendo a nossa intervenção interna mais uma vez autoportante e modular.
O nome que agora apelidamos ao espaço é um tributo ao bailarino que passou a maior parte da sua vida aprisionado no antigo Hospital Miguel Bombarda: Sala-Estúdio Valentim de Barros.
Já reunimos com a equipa do hospital que está a fazer o trabalho de inventariação do panóptico, Dr. Pedro e colegas, com a Associação de Arte Terapia que lá trabalhou 40 anos, e que irá também promover algumas actividades em parceria.
Reforço o convite para virem ao espaço, não só para nos conhecermos melhor, mas também porque gostaríamos muito de contar com a vossa participação no desenho de um ciclo de conversas sobre o passado, presente e futuro do Miguel Bombarda, logo no nosso programa inaugural, previsto para o fim de semana 15 e 16 de Junho.
Deixo o meu contacto telefónico () e estou ao dispor para qualquer esclarecimento adicional.
A Direcção
Marta Silva

e

Peço desculpa por não ter dado conta do email, que sendo o geral recebe mesmo muitas comunicações, acrescendo ao facto de o nosso site ter sido vítima de phishing e afectou muitas comunicações do domínio.
Aproveitemos então agora este contacto e fico a aguardar a vossa proposta de data.
Com os melhores cumprimentos
Marta Silva
  • Hospital Miguel Bombarda

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