Exmo. Senhor Dr. Paulo Raimundo
Secretário-Geral do Partido Comunista Português
C.C. 12ª Comissão da AR, GabMC, DGPC, PCM Aveiro e LUSA
Foi com espanto e profunda indignação que soubemos que a delegação do Partido Comunista Português (PCP) em Aveiro decidiu iniciar o desmantelamento da Vivenda Aleluia (1930), de que é proprietária, havendo notícias de gradeamentos, caixilharias e interiores já destruídos.
Como será do conhecimento de V. Exa., a polémica em redor de uma eventual demolição da Vivenda Aleluia, sita na Av. Lourenço Peixinho, há muito que ultrapassou o foro local, mobilizando nos últimos meses a opinião pública de uma forma tal que o assunto chegou à Assembleia da República, por via de uma petição em prol da salvaguarda da moradia histórica, encontrando-se a mesma a aguardar pelo relatório da 12ª Comissão, órgão em que, estranhamente, o PCP se coibiu de participar aquando da audição feita às primeiras peticionárias.
Igualmente, decorre na Direcção-Geral do Património Cultural o processo de emissão de parecer sobre o pedido de classificação de Interesse Público submetido recentemente e com carácter de urgência àqueles serviços, o qual, a ter parecer positivo será o garante de que a casa não será demolida e, portanto, o desmantelamento em curso será ilegal, apesar de aprovado pela CM Aveiro.
Daí este nosso protesto a V. Exa., por o que consideramos ser uma grave contradição, feita por quem, e bem, costuma pautar-se por uma frontal oposição aos projectos urbanísticos selvagens, meramente especulativos e aproveitadores de lacunas legais e permeabilidades autárquicas e centrais, que delapidam o nosso património e destroem a memória histórica por esse país fora.
Contudo, neste caso da Vivenda Aleluia, estranhamente, o PCP decidiu não só ser promotor imobiliário especulativo, talvez na esperança de lucrar milhões com o edifício de cinco andares que vier a ser construído no lugar da moradia, como contradizer-se em relação às suas próprias tomadas de posição no passado, em que por mais do que uma vez defendeu a salvaguarda da Vivenda Aleluia.
Fica o protesto, veemente.
Com os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Nuno Caiado, Luís Mascarenhas Gaivão, Rui Pedro Martins, Fernando Jorge, Eurico de Barros, Paula Cristina Peralta, Beatriz Empis, António Araújo, Helena Espvall, Jorge Pinto, Gustavo da Cunha, António Dias Coelho, Maria do Rosário Reiche, Fátima Castanheira
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