Exmo. Senhor Presidente do Conselho de Administração da FCG
Prof. Dr. António Feijó
Exmo. Senhor Administrador Executivo da FCG
Prof. Dr. Guilherme d’Oliveira Martins
C.C. PCML, AML, Arq. Djurovic, DGPC e agência Lusa
No seguimento da colocação de tapumes ao longo do muro ameado do jardim conexo aos Jardins Gulbenkian (MN) e às antigas cocheiras de José Maria Eugénio de Almeida/ Casa de Santa Gertrudes (http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=24255), pré-anunciando o início da sua demolição, para efeitos de implantação de projecto do paisagista Vladimir Djurovic;
Manifestamos o nosso espanto e pesar pela contradição em que, a nosso ver, a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) está a incorrer no que respeita ao reconhecimento, ou não, do valor histórico-patrimonial de duas peças arquitectónicas que são indissociáveis uma da outra, em termos de época construtiva (finais do século XIX, princípios do XX) e de arquitectura (revivalista):
O muro ameado com portões em ferro forjado e insígnias de Eugénio de Almeida, torreões ameados e mirante (“guarita”), existente entre a Av. Marquês de Sá da Bandeiram, R. Marquês de Fronteira e R. Dr. Nicolau de Bettencourt vs. o edifício conexo das antigas cocheiras de José Maria Eugénio de Almeida, a “Casa de Santa Gertrudes”.
Apesar de sabermos que sem o abate da parte do muro então também existente na Av. Berna, não teriam sido possíveis os actuais jardins Gulbenkian, de que todos nos orgulhamos, por outro lado, não conseguimos vislumbrar a razão por que a FCG entende como desprezivelmente “kitsch” e sem absolutamente valor algum patrimonial, e por isso passível de abate, o muro referido; enquanto que já não é “kistch” a casa de Santa Gertrudes – inclusivamente, tememos que para a FCG sejam também desprezivelmente “kitsch” o Palácio da Pena, a Regaleira, etc.
É com tristeza que o dizemos, mas parece-nos que a FCG está a tentar justificar à luz do pensamento do século XXI, o injustificável: o abate de património erigido à luz do pensamento de finais do século XIX.
Cremos que o magnífico projecto de alterações ao edifício do Centro de Arte Moderna não necessita desta demolição para se afirmar no panorama nacional e internacional, e não nos parece que o projecto paisagístico com que se pretende “libertar” visualmente esse museu para a R. Marquês de Fronteira, seja apenas possível se se abaterem o muro e o mirante do referido muro, se deslocalize o portão (já não é “kitsch”?) para umas dezenas de metros atrás, ou se abatam e transplantem árvores com décadas de vida.
Apelamos à Fundação, para que não avance com a demolição em curso e que, com o arq. Vladimir Djurovic, repense o projecto paisagístico por forma a que o muro e o portão se mantenham no mesmo local, adaptando-se o projecto ao local e não o inverso. A sua demolição, independentemente da questão de gosto, será sempre uma remoção violenta e definitiva de grande parte da memória do lugar.
Não estamos nos anos 60 do século passado.
Na expectativa, apresentamos, como sempre, os nossos melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Miguel de Sepúlveda Velloso, Martim Galamba, Fátima Castanheira, Pedro Jordão, Luis Mascarenhas Gaivão, Maria Teresa Goulão, Madalena Martins, Jorge Pinto, Rui Martins, Eurico de Barros, Paula Cristina Peralta, Fernando Jorge, Irene Santos, Gonçalo Cornélio da Silva, Helena Espvall, Maria do Rosário Reiche, Ruth da Gama
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