Urbanismo
Por um urbanismo de qualidade, sem corrupção e destruição de património, sem violação da Lei. Em respeito pelas pré-existências, pela História e por uma Lisboa sem alinhamento de cérceas, com logradouros permeáveis e ar puro para respirar. Com comércio e serviços de proximidade e meios de transporte fiáveis e não poluentes.
Na última década e meia fomos a capital europeia das demolições!
Foram seguramente centenas de demolições, as que foram autorizadas e perpetradas contra edifícios antigos de Lisboa. Têm havido uma época-alvo privilegiada: a Lisboa de finais de XIX, início de XX. As Avenidas Novas, Campo de Ourique, a Lapa, a Estrela, os bairros Barata Salgueiro, Camões, a Estefânia. Contudo, já se registam demolições em edifícios Déco e mesmo modernistas, ainda que sobretudo no miolo. Isso não pode continuar, sob pena de Lisboa ficar reduzida a muito trecho apenas aos edifícios classificados.
O bom urbanismo não custa assim tanto...
Construir sem ferir horizontes e métricas, sem permitir vazios expectantes por preencher, nem agressividades estéticas e marcas de autor em dissonância com a envolvente. Pugnando pela subtileza e bom gosto, desde logo no detalhe, como no edifícios de gaveto em que Ressano Garcia fazia questão de defender fachadas curvilíneas. Ou as traseiras inalteradas e revigoradas. Um urbanismo em que esteja sempre presente o espaço público de qualidade, o espaço verde, o lugar ao talhão para hortas.
Por uma Lisboa de bairros e de boa vizinhança!
Há que fazer jus ao slogan de que Lisboa é uma cidade de bairros. Para tal, CML e Governo têm que salvaguardar e apoiar o comércio de proximidade, garantir a presença de equipamentos culturais, sociais e desportivos no bairro, num raio de 15′ a pé, não de carro. Tem que continuar a haver serviços do Estado e outros nas imediações das nossas casas. Por favor, não criem serviços-gueto, nem fomentem mais centros comerciais e grandes superfícies nos nossos bairros. Apoiem a habitação, ainda que sem hostilizar o airbnb.