Lisboa ficou desde Sábado uma cidade ainda mais pobre ao perder um dos seus melhores Amigos, seu profundo conhecedor, empenhado divulgador e tenaz combatente: Vítor Freire (1949-2022).
Amava a Cidade: do Fado ao “stream line” do nosso art-déco, da História de Portugal à arquitectura hospitalar, e muitas outras coisas.
Era um defensor imenso do património da cidade, herói de causas e amigo de tantas outras.
A ele se deve o reconhecimento público da valia histórico-patrimonial dos edifícios do Hospital Miguel Bombarda, ao trazê-los para a ribalta, em antecipação ao seu desmantelamento, e ao requerer a sua classificação junto dos serviços do MC, o que conseguiu em tempo útil:
O agora célebre “panóptico” (Pavilhão de Segurança) e o balneário D. Maria II estão classificados de Interesse Público, e o edifício principal encontra-se Em Vias de classificação, tudo graças à sua sábia fundamentação e a uma tenacidade sem igual.
Também a hoje assimilada Arte Outsider (ele sempre se recusou, e bem, a traduzir art brut por “arte bruta”) lhe deve muito, senão quase tudo: fundou a Associação Portuguesa de Arte Outsider e nunca desistiu de divulgar, nacional e internacionalmente (a importante revista Raw Vision passou a olhar para Lisboa…) as obras e os artistas portugueses, até então olvidados, quando não escondidos.
Também lutou até à exaustão pela preservação e dignificação do arquivo clínico do HMB (fichas de doentes, fotografias, etc.), e fundou o Movimento de Apoio ao seu tão querido Museu Miguel Bombarda. Um dia, se tudo correr bem, havemos de ter esse museu no Pavilhão de Segurança e no Balneário (historicamente indissociáveis de tal museu), extensivo ao maltratado gabinete do Prof. Bombarda e a outras salas do edifício principal.
Adorava Lisboa, defendia abnegadamente as suas raízes e o legado que nos deixaram e não desistia de um futuro à altura.
Vamos sentir a sua falta.
Até sempre, Vítor.
Foto: céu nublado, visto do pátio do pavilhão de segurança do HMB, pelo Lisboa S.O.S., Março de 2010
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