Magnífico Senhor Reitor da Universidade de Lisboa
Prof. Luís Manuel dos Anjos Ferreira,
Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Lisboa
Eng. Carlos Moedas,
Exma. Sra. Presidente do Conselho Directivo da CCDR-LVT
Arq. Teresa Mourão de Almeida,
Exmo. Sr. Presidente do Património Cultural, IP
Doutor João Soalheiro
C.C. AML e media
Serve o presente para manifestarmos o nosso veemente protesto pela instalação de uma grande tenda sob a pala do Pavilhão de Portugal, no Parque das Nações, por ocasião da Web Summit 2025.
A nosso ver, esta intervenção constitui uma grave afronta à dignidade patrimonial e arquitectónica deste edifício, classificado como Monumento de Interesse Público (MIP) desde 2010 (Portaria n.º 240/2010, publicada no Diário da República, 2.ª série, n.º 62, de 30 de Março de 2010.
O Pavilhão de Portugal, obra de referência do arquitecto Álvaro Siza Vieira, é uma das criações mais emblemáticas da arquitectura contemporânea portuguesa e símbolo da Expo 98 e da própria Lisboa moderna. A sua pala (elemento estrutural e plástico único no mundo) não foi concebida para servir de cobertura para estruturas temporárias ou comerciais, pelo que a instalação de uma tenda e demais equipamentos de suporte, constitui uma descaracterização inaceitável, contrariando o espírito da sua classificação patrimonial.
Recorde-se que, em 2015, o Governo entregou o Pavilhão de Portugal à Universidade de Lisboa, com a condição expressa de o integrar no seu projeto científico e cultural, “prevendo-se que este espaço emblemático da cidade de Lisboa seja palco de diversas iniciativas no âmbito da educação, investigação científica e cultura promovidas pela ULisboa”.
Não nos parece que a cedência do espaço sob a pala para que ali seja colocada uma tenda de apoio a evento comercial, respeite a integridade visual e física do monumento. Antes desvirtua a missão pública e cultural que justificou a entrega deste bem pelo Estado à Universidade de Lisboa.
Pelo exposto, solicitamos à Universidade de Lisboa, à CCDR-LVTe ao Património Cultural, IP, e à CML, enquanto patrocinadora do Websummit, que, doravante, actuem em conformidade com a legislação de proteção patrimonial e sentido de auto-estima e brio pelo Património da cidade, garantindo que a integridade material e simbólica do Pavilhão de Portugal seja preservada.
O Pavilhão de Portugal não é um pavilhão de feiras: é uma obra de arte habitada pela memória colectiva da cidade e símbolo do engenho arquitetónico português. A sua utilização deve ser coerente com o seu valor cultural, científico e institucional, e não subjugada a interesses comerciais efémeros, sejam eles quais forem.

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