Pedido de classificação da Padaria São Roque (04.11.2025)

Exmo. Senhor Presidente do Conselho Directivo do Património Cultural, IP
Doutor João Soalheiro
C.C. Senhora Ministra da Cultura
Como é do conhecimento de V. Exa., a Padaria São Roque, que é a mais antiga padaria existente em Lisboa (c. 1899), então como “padaria italiana” – a designação comercial actual, Panificação Reunida de São Roque, Lda, foi formalmente criada em 1961 por fusão de várias padarias do Bairro Alto – é um testemunho notável do património comercial e urbano de Lisboa e do país.
O edifício que a acolhe é um destacado exemplar da arquitetura do final do Século XIX, tendo o projeto do imóvel sido entregue nos serviços municipais em 1899 e ocupando parte do terreno do antigo Palácio dos Salemas.
A Padaria São Roque é um extraordinário exemplar da arquitectura “Beaux Arts” fino-oitocentista do nosso país, com uma decoração de qualidade excepcional em termos de azulejaria “Art Nouveau”, mantendo a maior parte dos seus elementos originais, o que o torna um documento material único da cultura estética e produtiva lisboeta de transição entre os séculos XIX e XX, revelando um raro equilíbrio entre a sofisticação formal e a funcionalidade própria dos espaços de fabrico e venda da época.
A Padaria São Roque representa, assim, não apenas um espaço de comércio tradicional, mas um fragmento vivo da história social, económica e artística de Lisboa, em perfeita continuidade de uso e autenticidade, o que reforça o seu valor cultural e identitário.
Considerando o enquadramento jurídico estabelecido pela Lei n.º 107/2001, de 8 de setembro (Lei de Bases do Património Cultural), e pelo Decreto-Lei n.º 10/2024, de 8 de janeiro, que regula a classificação e inventário de bens imóveis com valor cultural, entendemos que este estabelecimento reúne os critérios de autenticidade, raridade, exemplaridade e valor estético que justificam plenamente a sua classificação como imóvel de interesse público, garantindo assim a devida proteção legal e o reconhecimento patrimonial que há muito lhe é devido.
Trata-se, pois, de um espaço arquitectónico e simbólico de excepção, cuja preservação e valorização são indispensáveis à memória coletiva da cidade de Lisboa e ao seu património edificado.
Assim, temos o prazer de juntar o Requerimento Inicial de Procedimento de Classificação, bem como várias fotografias actuais, planta de localização e plantas e cortes existentes no Arquivo Municipal de Lisboa.
Na expectativa, apresentamos os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Miguel de Sepúlveda Velloso, Pedro Jordão, Rui Pedro Martins, Jorge Oliveira, Helena Espvall, Fernando Jorge, Nuno Caiado, Diogo Baptista, António Araújo, Jorge Pinto, Filipe de Portugal, Eurico de Barros, Gustavo da Cunha, Fátima Castanheira, Maria Teresa Goulão
Foto: Lojas com História

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