À Comissão de Toponímia da Câmara Municipal de Lisboa
Exmos. Senhores
Vimos por este meio apresentar a V. Ex.as uma proposta para a restituição toponímica do Largo da Esperança, espaço urbano cuja designação histórica se encontra atualmente ausente da toponímia oficial da cidade, apesar de a sua configuração espacial e identidade local se manterem reconhecíveis.
O Largo da Esperança possui uma memória urbana consolidada e é um ponto de referência para a população, não só pela sua proximidade à antiga freguesia homónima e ao Convento da Esperança, mas também pela presença do Chafariz da Esperança, classificado como Monumento Nacional. Este chafariz constitui um dos mais notáveis exemplares da rede de abastecimento de água de Lisboa do século XVIII e confere ao largo um valor patrimonial ímpar, amplamente reconhecido.
É certo que a abertura da Avenida Dom Carlos I, no século XIX, transformou a morfologia urbana da zona. Contudo, essa intervenção não eliminou o espaço público que continua a configurar o antigo Largo da Esperança, o qual permanece identificável na sua envolvente física e no uso quotidiano da população. A eliminação do topónimo foi, por isso, um erro que importa corrigir, pois aquele logradouro corresponde inequivocamente a um largo, não obstante as transformações urbanísticas.
Acresce ainda que a coexistência de topónimos em áreas sobrepostas não é exceção em Lisboa, mas prática consolidada. Veja-se o caso recente da criação do Largo José Saramago, instituído em apenas parte do antigo Campo das Cebolas, área que inclui em simultâneo a Rua dos Bacalhoeiros, a Rua da Alfândega e a Rua do Conde de Castelo Melhor. Também em várias outras zonas da cidade coexistem largos, praças e avenidas sobre o mesmo território, sem que tal constitua qualquer obstáculo à clareza da cartografia urbana. A restituição do Largo da Esperança estaria, pois, em linha com a prática toponímica atual e coerente com a história da cidade.
Deste modo, trata-se não de inventar uma nova designação, mas de recuperar um topónimo legítimo e historicamente enraizado, que foi suprimido de forma inadequada e cuja reposição permitirá restituir rigor e continuidade à toponímia lisboeta.
Acresce que estará para breve a conclusão da estação Santos do Metropolitano de Lisboa, pelo que haverá forçosamente uma reconfiguração do espaço à superfície.
Nestes termos, solicitamos à Comissão de Toponímia a apreciação desta proposta de restituição do topónimo Largo da Esperança, devolvendo à cidade um nome que lhe pertence, que continua presente na memória dos habitantes e que constitui parte essencial da sua identidade urbana. Para maior clareza, segue em anexo a planta de delimitação do espaço proposto.
Com os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Diogo Baptista, Rui Martins, Filipe de Portugal, Jorge Oliveira, Nuno Caiado, Beatriz Empis, António Araújo, Pedro Formozinho Sanchez
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